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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A disciplina do amor

    
                                      Tirei daqui

Encontro com F. na livraria. Estranhou o título que vou dar a este livro, mas por que disciplina do amor? O amor lá tem disciplina? perguntou e deu a resposta: amor disciplinado nunca foi amor, pode ser método, arrumação no sentido de se botar tudo direitinho nos lugares, cálculo, mas amor?! Pois amor não era ilogicidade? Transgressão?
Digo-lhe que a indisciplina está só na aparência, na superfície. Na casca. Porque lá nas profundezas o amor é de uma ordem e de uma harmonia só comparável à abóbada celeste.
Ele ficou me olhando. Arqueou as sobrancelhas, surpreendido: “Mas então só conheci o amor superficial? Cada vez que amei foi tanta a insatisfação e a insegurança. Fico em total desordem!”
Desejei-lhe um amor verdadeiro e ele riu, desafiante. Quis saber se por acaso eu tinha atingido no amor essa plenitude celestial. Não respondi. Falamos sobre política, livros. Mas quando saí da livraria, me vi Adão sendo expulso do Paraíso, o semblante descaído e o olhar no chão.” 
TELLES. Lygia Fagundes. A disciplina do amor. 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980. 

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