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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O CHAMADO DO MONSTRO: RECONHECIMENTO DO PÚBLICO E DA CRÍTICA

Se você foi a alguma grande livraria nas últimas semanas, certamente se deparou com O chamado do monstro, novo título do catálogo de literatura da Editora Ática. Talvez ele estivesse entre os livros de ficção juvenil, talvez entre os de adulta, ou, talvez, apenas acomodado entre as prateleiras de “novidades”. O chamado do monstro é isto tudo, mas vai além.
A obra do escritor americano Patrick Ness supera rótulos porque tem como pano de fundo a densidade da vida. Para escrevê-la, Ness se baseou nas ideias de Siobhan Dowd, autora inglesa morta por câncer em 2007. “Siobhan criou os personagens, uma premissa e um começo. Mas não teve, infelizmente, tempo de ir em frente”, escreveu ele na nota de apresentação do livro. “Eu senti – e sinto – como se tivessem me passado o bastão, como se uma escritora especialmente talentosa tivesse me dado a história dela e falado: ‘Vá. Assuma o comando. Faça barulho’”.
Publicado no início do ano na Europa e em setembro nos Estados Unidos, O chamado do monstro realmente tem feito barulho. Podemos tomar como termômetro o reconhecimento do público (o site do autor reúne centenas de comentários elogiosos de leitorese da crítica, como indicam as diversas reportagens e resenhas que saíram na imprensa – vide esta do New York Times esta da Folha de S. Paulo, publicada no último sábado.
O livro é uma emocionante narrativa sobre a perda, o amadurecimento e o poder da verdade. O personagem principal da história é Conor, um menino de 13 anos que durante o dia precisa lidar com o reinício do tratamento da mãe contra o câncer, com a vinda da avó para “ajudá-los”, com a permanente ausência do pai, que formara uma nova família, e com o bullying diário na escola.
À noite, o motivo de assombro é um imponente teixo que se transforma em monstro e sempre aparece na janela de seu quarto após a meia-noite, forçando-o a enfrentar os seus maiores pesadelos: o medo de perder a mãe e o de revelar um grande segredo. Neste ponto, ficção e realidade se cruzam de forma sutil, já que a escolha da planta-monstro não ocorre ao acaso: “Siobhan estava interessada no teixo, árvore antiga associado à cura. Sua casca produz remédio para câncer”, explicou Ness em entrevista à Folha.
Para os interessados em O chamado do monstro, disponibilizamos a seguir o trailer do livro e uma breve amostra de sua eletrizante narrativa.

“Já mais alto do que a janela de Conor, o monstro se ampliou até se constituir por inteiro, transformando-se em uma figura poderosa, que parecia forte e, de certo modo, imponente. Ele não tirava os olhos de Conor, que ouvia a ruidosa ventania que emanava da boca dele. O monstro colocou suas mãos gigantescas nos dois lados da janela e abaixou sua cabeça até seus olhos enormes preencherem o espaço do caixilho, prendendo Conor com seu olhar penetrante. A casa inteira gemeu com o peso dele.”

                                               Siobhan Dowd (1960 - 2007)
                                                           In memorian

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