Pages

terça-feira, 30 de março de 2010

Aprender não é acumular certeza


Aprender não é acumular certezas.
Nem estar fechado em respostas.
Aprender é incorporar a dúvida.
E estar aberto a múltiplos encontros.
Aprender não é dar por consumada uma busca

Aprender não é ter aprendido.

Aprender não é nunca um verbo do passado.
Aprender não é um ato findo.
Aprender é um exercício constante de renovação.
Aprender é sentir-se humildemente sabedor de seus limites,
mas com a coragem de não recuar diante dos desafios.
Aprender é debruçar-se com curiosidade sobrea realidade.
É reinventá-la com soltura dentro de si.
Aprender é conceder lugar a tudo e a todos.
E recriar o próprio espaço.
Aprender é reconhecer em si e nos outros o direito
de ser dentro de inevitáveis repetições porque aprender
é caminhar com seus pés um caminho já traçado.
É descobrir de repente uma pequena flor inesperada
é aprender também novos rumos onde pareciamorrer a esperança.
Aprender é construir e reconstruir pacientemente.
Uma obra que não será definitiva porque o humano é transitório.
Aprender não é conquistar nem apoderar-se mas peregrinar.
Aprender é estar sempre caminhando, não é reter, mas comungar.
Tem que ser um ato de amor para não ser um ato vazio.


(Paulo Freire)

É lamentável!




É pra rir?



Essa charge propõe uma reflexão : como os pais encaram o processo educacional,hoje?
"Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe,"
Jesus Cristo. Mateus 12.50.

domingo, 28 de março de 2010

Eu sei quem sou, onde estou e aonde vou!


Queridos,


Estamos tão contaminados pelo germe da reclamação que não conseguimos dar graças por nada que nos venha à mão. A semana passada, eu estava abatida, impregnada pelo desânimo, não só meu, mas de toda uma classe de professores, que não têm recebido o devido respeito. Somos vítimas de um sistema doentio, que não valoriza o professor, homens e mulheres responsáveis pela mudança da história de um país.

Vivemos pela fé, fé nos homens. Acreditamos, vorazmente, nos jovens que estão sendo formados por nós, porque no fundo todo professor não passa de um visionário. Não vou falar sobre o quanto a educação no Brasil é falha. Todos sabem dessa história. Mas não me posso calar diante da barbárie que assisti na sexta-feira passada, vi professores da rede pública estadual, que realizavam um protesto em frente ao Palácio dos Bandeirantes em confronto com a Polícia Militar. Numa manifestação que deveria ser pacífica, porque é um direito das classes trabalhadoras, mas foi contida com balas de borracha e bombas de efeito moral. Trabalhadores, vejam o que vos espera, caso votem em SERRA!

Na pauta, ao governo Serra, as seguintes reivindicações: garantia do emprego; por um plano de carreira justo; reajuste imediato de 27% e reposição salarial de 6%; contra a avaliação de mérito; pela incorporação das gratificações com extensão aos aposentados e concurso público de caráter classificatório. Algo impossível?

Aqui em Pernambuco, O JC põe como manchete de primeira página: “PROFESSOR DERROTADO

‘Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), os três modelos apresentados pelo Governo nas duas últimas rodadas de negociação acarretam uma desestruturação do Plano de Cargos e Carreiras (PCC), além de incorporar os 60% da gratificação pelo exercício do magistério, conhecido como “Pó de giz”. "A proposta gera um achatamento de classes, que resulta na diminuição dos salários dos trabalhadores com mais tempo de serviço e títulos de graduação", observa o sindicato.”
http://jc.uol.com.br/

Sinto-me constrangida, mas não derrotada. Sou funcionária pública, por concurso. Não pelo famoso “QI”. Amo o que faço e, não devo favores pelo emprego público que consegui. O nosso governador, Eduardo Campos, é temporário. Ele passará. Nós, professores, continuaremos na luta contra a miséria, o analfabetismo, que vive e reina entre nós, ainda. Continuaremos a luta contra a marginalidade crescente em nossas salas, continuaremos evacuando a escola no toque de recolher, deixando as crianças pequenas irem para suas casas chorando de medo. Continuaremos a luta contra as drogas que invadem a nossa escola, que mata os nossos meninos. Continuaremos olhando as cadeiras vazias, deixadas por aqueles que não voltam , já que residem agora num cemitério.

Eu ficarei governador, orando antes de sair de casa, pedindo para voltar viva. Eu continuarei ensinando tudo aquilo que eu aprendi, continuarei crendo naquele menino ou menina que está na sala de aula, apenas para não perder a bolsa família.

Nós Já passamos por tantas outras dificuldades, nós sobrevivemos a outras formas de pressão causadas por governadores que o antecederam. Há anos somos funcionários do Estado, somos professores, nunca derrotados.

Eu sei quem sou, onde estou e aonde vou!

Continuo acreditando na fala de Pitágoras: “Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos."
E você em que acredita?

quinta-feira, 25 de março de 2010

Você precisa assistir " O contador de histórias"



Aos 6 anos de idade, Roberto Carlos Ramos é deixado em uma entidade assistencial por sua mãe, que tem a esperança de estar lhe proporcionando melhores condições de vida. Aos 13, porém, Roberto continua analfabeto, tem mais de 100 fugas e várias infrações no currículo e é considerado "irrecuperável". Mas o encontro com uma pedagoga mudará para sempre sua vida.
Lindo!

Você precisa assistir "Um sonho possível"

Filmes baseados em fatos reais podem ser ultra-emocionais ou cansativos após um certo tempo de exibição, mas“Um Sonho Possível” é a prova de quem nem sempre isso acontece e apesar de ser um drama, consegue divertir o espectador.
O filme que é baseado no livro de Michael Lewis (“The Blind Side – Evolution of a Game”), e conta como o jogador de futebol americano Michael Oher venceu as barreiras da sua vida através da bondade e do amor materno de Leigh Anne Tuohy.
Leigh Anne (interpretada por Sandra Bullock e que lhe garantiu o Oscar de melhor atriz) é uma ex-líder de torcida com uma vida perfeita ao lado de seu marido, o treinador Sean Tuohy (vivido pelo ator Tim McGraw), e seu filho, o pequeno S.J. (papel do iniciante Jae Head).

Intertextos


O adeus de Teresa


A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...

E ela, corando, murmurou-me: “adeus”.
(Castro Alves)




Teresa


"A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais
velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos
esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover
sobre a face das águas. "

(Manuel Bandeira)
Que delícia poder escutar o diálogo entre os textos. Ouvir autores de épocas diferentes conversarem numa linguagem que se completa simplesmente. Literatura é essa arte contigua que não se rende, mas se propaga através do tempo. Reinventando-se, somente.
Helena Caldas

Mulheres de Atenas


"Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas

Quando amadas, se perfumam

Se banham com leite, se arrumam

Suas melenas


Quando fustigadas não choram

Se ajoelham, pedem, imploram

Mais duras penas

Cadenas


Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Sofrem pros seus maridos,

poder e força de Atenas

Quandos eles embarcam, soldados

Elas tecem longos bordados

Mil quarentenas


E quando eles voltam sedentos

Querem arrancar violentos

Carícias plenas

Obscenas


Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho

Costumam buscar o carinho

De outras falenas

Mas no fim da noite, aos pedaços

Quase sempre voltam pros braços

De suas pequenas

Helenas


Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade

Nem defeito nem qualidade

Têm medo apenas

Não têm sonhos, só têm presságios

O seu homem, mares, naufrágios

Lindas sirenas

Morenas


Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas

E as gestantes abandonadas

Não fazem cenas

Vestem-se de negro, se encolhem

Se conformam e se recolhem

Às suas novenas

Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas"
(Chico Buarque de Holanda)


1976 © by Cara Nova Editora Musical Ltda.

domingo, 21 de março de 2010

Felicidade clandestina


Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com sua letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingan­ça, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de ca­belos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me subme­tia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía as Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.Era um livro grosso, meu Deus, era um livro pra se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.No dia seguinte fui à sua casa, literalmente cor­rendo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era meu modo estranho de andar pelas ruas do Recife. Dessa vez nem cai: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nem uma vez.Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefini­do, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivi­nhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mes­mo, às vezes eu aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas, houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A se­nhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sem­pre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só pra depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.As vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.


[em Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector]

quinta-feira, 18 de março de 2010


Soneto do amor total


Amo-te tanto meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.


Amo-te enfim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.


Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.


E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Moraes

Amor é fogo que arde


Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?



Oh! Meu Romeu, se me amas de verdade, dize-o sinceramente...
Oh ! Meu Romeu, não julgues leviano este amor que descobriste na noite escura...
Oh ! Meu Romeu, a despedida é tão doce que o esperarei até o romper do dia...
Este botão de amor que floresce agora, será uma linda flor na outra vez que nos virmos...
Oh! Meu Romeu, abençoada noite, temo que seja um sonho, é bom de mais para ser realidade...


'Romeu e Julieta' de William Shakespeare

Pra você


Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me deixar

Sentir sem conseguir provar

Sem entregar

E repartir


Pra você guardei o amor

Que sempre quis mostrar

O amor que vive em mim vem visitar

Sorrir, vem colorir solar

Vem esquentar

E permitir


Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito pronto

Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar


Guardei

Sem ter porque

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei

Vendo em você

E explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar


Pra você guardei o amor

Que aprendi vendo meus pais

O amor que tive e recebi

E hoje posso dar livre e feliz

Céu cheiro e ar na cor que arco-íris

ao levitar


Vou nascer de novoLápis, edifício, tevere, ponte

Desenhar no seu quadril

Meus lábios beijam signos feito sinos

Trilho a infância, terço o berço

Do seu lar




Pra Você Guardei o Amor
Nando Reis


"A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós".
Orgulho e Preconceito, de Jane Austen

Heathcliff, Heathcliiff



"Meu amor por Heathcliff assemelha-se às rochas eternas que jazem debaixo do chão: é uma fonte de prazer pouco visível, porám necessária. Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre no meu pensamento. Não como uma alegria, já que nem sempre sou uma alegria para mim mesma, mas como o meu próprio ser. "
O Morro Dos Ventos Uivantes - Emily Bronte

Eu sou como a garça triste

Que mora à beira do rio,

As orvalhadas da noite

Me fazem tremer de frio.

Me fazem tremer de frio

Como os juncos da lagoa;
Feliz da araponga errante

Que é livre, que livre voa.


Castro Alves

Recordações do escrivão Isaías Caminha

1920
4 de Janeiro
O Pavilhão e a Pinel

"Estou no Hospício ou, melhor, em várias dependências dele, desde o dia 25 do mês passado. Estive no pavilhão de observações, que é a pior etapa de quem, como eu, entra para aqui pelas mãos da polícia.
Tiram-nos a roupa que trazemos e dão-nos uma outra, só capaz de cobrir a nudez, e nem chinelos ou tamancos nos dão. Da outra vez que lá estive me deram essa peça do vestuário que me é hoje indispensável. Desta vez, não. O enfermeiro antigo era humano e bom; o atual é um português (o outro o era) arrogante, com uma fisionomia bragantina e presumida. Deram-me uma caneca de mate e, logo em seguida, ainda dia claro, atiraram-me sobre um colchão de capim com uma manta pobre, muito conhecida de toda a nossa pobreza e miséria.
Não me incomodo muito com o hospício, mas o que me aborrece é essa intromissão da polícia na minha vida. De mim para mim, tenho certeza que não sou louco, mas devido ao álcool, misturado com toda a espécie de apreensões que as dificuldades de minha vida material há 6 anos me assoberbam, de quando em quando dou sinais de loucura : deliro.
[...]
Amanheci, tomei café e pão e fui à presença de um médico, que me disseram chamar-se Adauto .Tratou-me ele com indiferença, fez-me perguntas e deu a entender que, por ele, me punha na rua.
Voltei para o pátio. Que coisa, meu Deus! Estava ali que nem um peru, no meio de muitos outros, pastoreado por um bom português, que tinha um ar rude, mas doce e compassivo, de camponês transmontano. Ele já me conhecia da outra vez. Chamava-me você e me deu cigarros. Da outra vez, fui para a casa-forte e ele me fez baldear a varanda, lavar o banheiro, onde me deu um excelente banho de ducha de chicote. Todos nós estávamos nus, as portas abertas, e eu tive muito pudor. Eu me lembrei do banho de vapor de Dostoiévski, na Casa dos Mortos. Quando baldeei, chorei; mas lembrei de Cervantes, do próprio Dostoiévski, que pior deviam ter sofrido em Argel e na Sibéria.
Ah! A Literatura ou me mata ou me dá o que eu peço dela."


O Cemitério dos vivos
Lima Brreto

terça-feira, 16 de março de 2010


"No meio della, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas, poucas e caladas...” (p. 374).


Dom Casmurro (Machado de Assis )


Emma Bovary

entendia Antes de casar ela julgara ter amor, mas como a felicidade que deveria ter resultado daquele amor não viera, ela deveria ter-se enganado, pensava. E Emma procurava saber o que se entendia exatamente na vida , pelas palavras "felicidade", "paixão", "embriaguês", que lhe haviam parecido tão belas nos livros (p.51).

Se Charles o tivesse desejado, todavia, se o tivesse suspeitado, se seu olhar por uma única vez tivesse ido ao encontro de seu pensamento, parecia-lhe que uma abundância súbita ter-se-ia destacado de seu coração como cai a colheita de uma espaldeira ao ser sacudida. Mas, à medida que se estreitava mais a intimidade de suas vidas, realizava-se um afastamento interior que a desligava dele (p. 58).

Todavia segundo teorias que julgava boas, quis entregar-se ao amor. Ao luar, no jardim, recitava todas as rimas apaixonadas que sabia de cor e cantava, suspirando, alguns adágios melancólicos; mas sentia-se em seguida tão calma quanto antes e Charles não parecia nem mais apaixonado nem mais perturbado." (p. 60) "Emma repetia para si mesma: - Por que, meu Deus, eu me casei? (p. 61).
Flaubert, G. (1993). Madame Bovary. São Paulo: Nova Alexandria

"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!


Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho"


Eça de Queiroz, O Primo Basílio


"Você é assim,

Um sonho pra mim,

Quero te encher de beijos.

Eu penso em você,

Desde o amanhecer,

Até quando eu me deito."


Arnaldo Antunes / Carlinhos Brown / Davi Moraes / Marisa Monte / Pedro Baby

A falta futura


"Morto, não terei de escovar os dentes
Nem pagar impostos. Telefone não atenderei
Nem ouvirei reclamações sobre a crise
Político-financeira
Acaso afeitas
Da cova ao lado.
Também não amarei, e isto é mau,
Pois ficar sem amor
- É mortal."


(In. Vera Aguiar, coord. Poesia fora da estante.)

Intromissão


Minha amiga,
deixa de choro,
deixa de desespero,
deixa de drama.

a mais eterna das paixões
dura apenas uma semana.


( Amor adolescente.2 ed. São Paulo: Atual, 1999. p.14)

Vinícius de Morais


"Maior amor nem mais estranho existe

Que o meu, que não sossega a coisa amada

E quando a sente alegre, fica triste

E se a vê descontente, dá risada."


(Soneto do amor maior de Vinícius de Morais)

o amor e a loucura



No amor tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua chama e sua infância eterna.
Mas por que o amor é cego?



Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego. Surgiu entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeuentão o Amor que se reunisse para tratar do assunto o conselho dos deuses. Mas a loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe privou da visão.

Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. E diante da Júpiter, Nêmesis – a deusa da vingança – e de todos os juízes do inferno, Vênus exigiu que aquele crime fosse eparado. Seu filho não podia ficar cego.

Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença do Supremo Tribunal Celeste consistiu em condenar a Loucura a servir de guia ao amor.


In. COSTA, Flávio Moreira da (org). Os melhores contos de loucura. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 17-18. Fábula do escritor francês Jean La Fontaine

Dante,conduzido por Vigílio, adentra o portal do inferno


Ali, suspiros queixas e lamentos
Cruzavam-se pelo ar, na escuridão,
Fazendo hesitar por uns momentos.
Línguas estranhas, gírias em profusão,
Exclamações de dor, acentos de ira,
gritos, rangidos e bater de mão
vegetam como os sáurios indolentes;
eu os via desnudos, aguilhoados
por vespas e moscas renitentes.
Tinham de sangue o rosta salpicados,
Que lhe caia ao peito e aos pés também,
Pasto no chão dos vermes enjoados.


(Tradução de Cristiano Martins. Divina comédia.
São Paulo:Edusp, 1976. P. 98-9)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Saudades, Quintana!


SINÔNIMOS

Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.

DESTINO ATROZ


Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando ele os escreve e, por último, quando declamam os seus versos.


EVOLUÇÃO

O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.

CARTAZ PARA UMA FEIRA DO LIVRO

Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.


Mario Quintana (Caderno H)

Poeminho do contra


Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mário Quintana

domingo, 14 de março de 2010

Para você!



Quem, Senhor, habitará na tua tenda? quem morará no teu santo monte?
2 Aquele que anda irrepreensivelmente e pratica a justiça, e do coração fala a verdade;
3 que não difama com a sua língua, nem faz o mal ao seu próximo, nem contra ele aceita nenhuma afronta;
4 aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado, mas que honra os que temem ao Senhor; aquele que, embora jure com dano seu, não muda;
5 que não empresta o seu dinheiro a juros, nem recebe peitas contra o inocente. Aquele que assim procede nunca será abalado.


Salmo 15

Novelas

Queridos,

Mais uma vez, a Globo, mestra neste assunto, mostra a vida como ela não é. Achou complicado o que eu disse? Tudo bem! Perca seu tempo assistindo à novela Viver a vida de Manuel Carlos. Lá se encontram as maiores barbaridades que ,subliminarmente, são introduzidas em seu lar.

Tetraplégicos ricos, bonitos, famosos com casas esplendorosas, adaptadas para o seu viver. Perceba que não há os tetraplégicos ou paraplégicos que precisam subir as escadarias de um morro, numa cadeira de rodas simples, ou até pegar um ônibus. Enfim, passando por todas as dificuldades reais de um cadeirante .

A garota de programa é linda e maravilhosa, tem uma vida felicíssima. Parece até que não vale à pena estudar tanto para seguir uma profissão, o melhor mesmo, é dar uma malhadinha e sair por aí, catando galãs. Note que se comparada à vida de uma jovem comum, que pega ônibus lotado para ir à faculdade, que trabalha sério para pagar o curso. E estuda durante anos. A mocinha de programa parece ser bem mais promissora.

Ah! Tem uma personagem chamada Alice, essa criatura de papel, é uma devoradora de homens. Arrasta-os para sua cama, e tem a cara de quem sabe tudo. É a dona da verdade. Dá aqueles conselhos vindos láááááá do inferno. Nos próximos capítulos, a criatura vai cantar a personagem Osmar, que é bissexual assumidíssimo. Mas a personagem confessa que adora homens versáteis.

Vocês vão me perguntar: por que crente gosta de assistir a novela somente para falar mal? O pior é que eu não assisto, mas escuto enquanto trabalho e, é lógico, dou aquela parada obrigatória quando o assunto é do meu interesse.

Quero deixar um versículo para vocês que talvez possa orientá-los quanto às novelas.
Citando as palavras do apóstolo Paulo, em Efésios: “Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha” (Ef 5.11-12).

Queridos, algumas novelas nos apontam caminhos de morte. Sejamos sábios quanto as nossas escolhas. Jó disse: “Fiz aliança com meus olhos” (Jó 31.1). Olhem diretamente para Deus, não olhem para a direita nem para esquerda. Cuidem de seus olhos propensos a vaguear, olhos que veem coisas que induzem ao pecado.

O que digo é importante, pois os dias são maus: jornais, cinemas, outdoors, televisão muitas vezes são instrumentos de morte. Se há uma época em que os homens precisam fazer aliança com seus olhos, esta época é agora. Não se deixem vencer acreditando em coisas no mínimo bizarras.

Somos de Cristo, Ele pagou por nós preço altíssimo. Agradeça a Deus pelo evangelho poderoso que nos exorta a vivermos em santidade. Cuidado!

Graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém.

domingo, 7 de março de 2010

Exemplo de Resenha crítica

O Caçador de Pipas é um romance escrito pelo afegão Khaled Rosseini que atualmente mora nos EUA – é bom que se diga isso. O livro virou best-seller, com milhões de cópias vendidas pelo mundo inteiro, fora os downloads do livro e filme que são muitos pela internet.
[...]
Amir, um garoto rico e mimado; e Hassan, o garoto pobre que mesmo diante das dificuldades ainda sonhava, são os dois personagens centrais. O “ponto culminante ” do filme, que irá arrebatar os espectadores para o reino das idealizações, é quando a amizade entre os dois é colocada em xeque.

Hassan, diante de um grupo de garotos de etnia “inimiga” da sua, resiste em dar uma pipa que havia capturado e prometido levá-la ao amigo Amir, resultando em uma cena de estupro que é presenciada de longe por Amir. Diante da situação Amir foge da realidade, imaginando que nada havia acontecido, no entanto, é condenado aos tormentos do sentimento de culpa islâmico – não muito diferente do judaico-cristão – pelo resto da vida.

A partir daí muitos espectadores se sentem indignados com Amir que não fez nada para defender o amigo. – Talvez precisassem questioná-los sobre qual o comportamento que eles esperam de uma criança que presencia uma cena de estupro.

Mas a principal ingenuidade do filme é a tentativa frustrante de fazer dramatização onde não há. – Além das fantasias de Khaled, alguém, por mais que tenha uma relação “ritualística” com uma pipa, estaria disposto a não perdê-la mesmo diante de uma iminente violência?

Outra ingenuidade marcante no filme, embora eu não possa dizer se o mesmo ocorre no livro, é a tentativa de mostrar a cultura afegã com veracidade, mas evidentemente a mesma é enquadrada nos moldes ocidentais. O pai de Amir bebe uísque, anda de Mustang, ouve músicas em inglês e desfruta de outras “regalias” do mundo ocidental. – No entanto, isso pode ter sido a velha e tradicional chantagem capitalista diante do “comunismo” russo que batia às portas do oriente.

Sei que muitos irão dizer que o filme é bem discrepante, mas que o livro mantém a coerência. Certamente que o livro deve ter suas diferenças, no entanto, acho bem improvável que um fale sobre “cogumelos” e o outro sobre “amizade”.

Termino ressaltando que minha crítica é mais para o público do que o autor Khaled Rosseini. Talvez o autor tivesse a intenção de produzir apenas um romance, fazendo valer da criativa expressão que é livre para caminhar despreocupada entre os reinos das fantasias, dos sonhos e daquilo que chamamos de realidade. No entanto, serve para mostrar o quanto as pessoas ainda pensam nos moldes platônicos e cristãos, na medida em que colocam a relação de amizade idealizada no filme enquanto um “bem-maior” que, se não preservado, o terrível peso do sentimento de culpa se encarregará de fazer justiça!

Turminha, este é o texto sobre resenha mais simples para ajudá-los

RESENHA DE LIVRO

Resenha crítica são textos que buscam submeter a uma análise crítica uma produção cultural: livros, filmes, exposições, CDs, etc. Por meio de informações e comentários , o autor explicita ao leitor sua opinião a respeito do objeto resenhado, apresentando argumentos que a embasam.

A resenha crítica vem pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.
Consta de:

a) uma parte descritiva em que se dão as informações sobre o texto:

1 – Nome do autor (ou dos autores);
2 – Título completo e exato da obra (ou do artigo);
3 – Nome da editora (ou coleção de que faz parte a obra);
4 – Lugar e data da publicação;
5 – Número do volume de páginas

b) uma parte com o resumo do conteúdo da obra:

1 – indicação sucinta do assunto global da obra
2 – resumo que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral, além dos elementos já mencionados, entra também comentários e julgamentos do resenhador, sobre as idéias do autor, o valor da obra, etc.

Para você!

"Mulher virtuosa, quem a pode achar? Pois o seu valor muito excede ao de jóias preciosas."
Provérbios 31.10

Para você, Mulher - 08 de março 2010


É o nosso dia!

Parabéns às mulheres que estão ou estiveram no mundo fazendo dele um lugar mais bonito, justo, sensível!

Àquelas que fizeram a história mais bela;
Às que dominaram homens terríveis;
Às que não se fizeram invisíveis,
Às que morreram por amor;
Às que viveram por amor;
Às que multiplicam a comida;
Às que não se calam;
Às que Discernem certo e errado;
Às contadoras de histórias;
Às aquecedoras de sonhos;
Às enxugadoras de lágrimas;
Às escritoras de vidas;
Às lavadeiras de roupas;
Às complicadas e fascinantes;
Às decididas;
Às relutantes;
As balzaquianas;
Às debutantes;
Às mulheres de Atenas;
Às geradoras de seres;
Às fazedoras de ordem;
Às curadoras de feridas;
Às perdoadoras de grandes pecados;
Às que se fazem lindas;
Às que se fazem flor;
Às que acreditam na história dos homens;
Às que abraçam a dor;
Às que sabem esperar;
Às que obedecem ao seu Deus;
Às eternas amadoras.

Por Helena Caldas

Mais uma de Quintana


DIA UNIVERSAL DA MULHER

(MÁRIO QUINTANA)

Sesteava Adão quando, sem mais aquela, se achega Jeová e diz-lhe,[...]: "Dorme, que este é o teu último repouso!"
E retirou-lhe Eva da costela...




Feminina

Joyce

ô mãe,

me explica, me ensina,

me diz o que é feminina?

não é no cabelo,

no dengo ou no olhar

é ser menina por todo lugar

ô mãe,

então me ilumina,

me diz como é que termina


termina na hora de recomeçar

dobra uma esquina no mesmo lugar

costura o fio da vida só pra poder cortar


depois se larga no mundo

pra nunca mais voltar

prepara e bota na mesa

com todo paladar


depois acende outro fogo,

e deixa tudo queimar.


ô mãe,

me explica,

me ensina,

me dizo que é feminina?


não é no cabelo,

no dengo ou no olhar

é ser menina por todo lugar


ô mãe,

então me ilumina,

me diz como é que termina

termina na hora de recomeçar

dobra uma esquina no mesmo lugar

e esse mistério estará sempre lá

feminina e menina no mesmo lugar.

Aninha e suas pedras



Não te deixes destruir...

Ajuntando novas pedras

e construindo novospoemas.

Recria tua vida, sempre,sempre.

Remove pedras e planta roseiras

e faz doces.Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.

Vem a estas páginas

e não entraves seu uso aos que têm sede.


Cora Coralina


(Outubro, 1981)

sábado, 6 de março de 2010

Para você!

Julieta - Mulheres de papel


Personagem da tragédia Romeu e Julieta escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare.

Mulher Clarice - Mas há vida




Mas há a vida

que é para ser intensamente vivida, há o amor.

Que tem que ser vivido até a última gota.

Sem nenhum medo.

Não mata.
Clarice Lispector

Maravilhosa Cora Coralina


Coração é terra que ninguém vê


Quis ser um dia,

jardineira de um coração.

Sachei, mondei

- nada colhi.


Nasceram espinhos

e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia,

jardineira de um coração.


Cavei,

plantei.

Na terra ingrata

nada criei.


Semeador da Parábola...

Lancei a boa semente

a gestos largos...

Aves do céu levaram.


Espinhos do chão cobriram.

O resto se perdeu

na terra dura

da ingratidão


Coração é terra que ninguém vê

-diz o ditado

plantei, reguei, -nada deu não.

lagedo, de pedregulho,

- teu coração.
Bati na porta de um coração.

Bati. Bati. Nada escutei.

Casa vazia. Porta fechada,

foi que encontrei...

Anne Frank - Mulher que fez história


12/06/1929, Frankfurt (Alemanha)

?/02/1945, Campo de Concentração de Bergen-Belsen



Anneliese Frank escreveu a maior parte de seu diário, um dos símbolos da perseguição aos judeus durante o regime de Hitler

Triste Florbela

Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se a seguir para cursar Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa.






Nunca fui como todos


Nunca tive muitos amigos


Nunca fui favorita


Nunca fui o que meus pais queriam


Nunca tive alguém que amasse


Mas tive somente a mim


A minha absoluta verdade


Meu verdadeiro pensamento


O meu conforto nas horas de sofrimento


não vivo sozinha porque gosto


e sim porque aprendi a ser só...





Florbela Espanca


Florbela Espanca, nascida Flor Bela Lobo, (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de 1930) foi uma poetisa portuguesa, precursora do movimento feminista em seu país, teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
Filha de Antónia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu como filha. Porém com a morte de Antónia em 1908, João e sua mulher Maria Espanca criam a menina. O pai só reconheceria a paternidade muitos anos após a morte de Florbela.
Em 1903 Florbela Espanca escreveu a primeira poesia de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se a seguir para cursar Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa.Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o Livro de Mágoas. É nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho, passando a encarar o preconceito social decorrente disso.
No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães.O Livro de Sóror Saudade é publicado em 1923. Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio.
Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Lage. A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de As Máscaras do Destino.
Tentou o suicídio por duas vezes em Outubro e Novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930. Charneca em Flor viria a ser publicado em janeiro de 1931.

Lua adversa - Cecília Meireles


LUA ADVERSA


Tenho fases, como a lua

Fases de andar escondida

, fases de vir para a rua...

Perdição da minha vida!

Perdição da vida minha!

Tenho fases de ser tua,

tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.

E roda a melancolia seu

interminável fuso!

Não me encontro com ninguém

(tenho fases como a lua...)

No dia de alguém ser meu

não é dia de eu ser sua...

E, quando chega esse dia,

o outro desapareceu...


Grandes Mulheres e professoras - Cecília Meireles


Se há uma criatura que tenha necessidade de formar e manter constantemente firme uma personalidade segura e complexa, essa é o professor.
Destinado a pôr-se em contato com a infância e a adolescência, nas suas mais várias e incoerentes modalidades, tendo de compreender as inquietações da criança e do jovem, para bem os orientar e satisfazer sua vida, deve ser também um contínuo aperfeiçoamento, uma concentração permanente de energias que sirvam de base e assegurem a sua possibilidade, variando sobre si mesmo, chegar a apreender cada fenômeno circunstante, conciliando todos os desacordos aparentes, todas as variações humanas nessa visão total indispensável aos educadores.
É, certamente, uma grande obra chegar a consolidar-se numa personalidade assim. Ser ao mesmo tempo um resultado — como todos somos — da época, do meio, da família, com características próprias, enérgicas, pessoais, e poder ser o que é cada aluno, descer à sua alma, feita de mil complexidades, também, para se poder pôr em contato com ela, e estimular-lhe o poder vital e a capacidade de evolução.
E ter o coração para se emocionar diante de cada temperamento.
E ter imaginação para sugerir.
E ter conhecimentos para enriquecer os caminhos transitados.
E saber ir e vir em redor desse mistério que existe em cada criatura, fornecendo-lhe cores luminosas para se definir, vibratilidades ardentes para se manifestar, força profunda para se erguer até o máximo, sem vacilações nem perigos. Saber ser poeta para inspirar. Quando a mocidade procura um rumo para a sua vida, leva consigo, no mais íntimo do peito, um exemplo guardado, que lhe serve de ideal.
Quantas vezes, entre esse ideal e o professor, se abrem enormes precipícios, de onde se originam os mais tristes desenganos e as dúvidas mais dolorosas!
Como seria admirável se o professor pudesse ser tão perfeito que constituísse, ele mesmo, o exemplo amado de seus alunos!
E, depois de ter vivido diante dos seus olhos, dirigindo uma classe, pudesse morar para sempre na sua vida, orientando-a e fortalecendo-a com a inesgotável fecundidade da sua recordação.

Texto de Cecília Meireles, extraído do livro Crônicas de Educação 3

Grandes professoras


"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir"” Frase de Maria Montessori

Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora dos círculos de especialistas como Montessori. Ele é associado, com razão, à Educação Infantil, ainda que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou sua fundadora, a italiana Maria Montessori. Primeira mulher a se formar em medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento. “Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições.

Grandes mulheres de papel - Maria Moura


Personagem do livro Memorial de Maria Moura, de 1992, último livro escrito pela cearense Raquel de Queiroz, a primeira mulher a ser eleita para a academia de letras.


O romance acompanha a trajetória da protagonista, que, de uma moça sozinha e desamparada, se transforma em líder de um bando de aventureiros, semelhantes a jagunços, no sertão brasileiro, por volta de 1850.


Obs.: A dedicatória do livro é dirigida, entre outros, à Elizabeth I, rainha da Inglaterra entre 1558 e 1603, que, segundo Rachel de Queiroz, serviu de inspiração para a criação de Maria Moura, pelo caráter forte e pela liderança nata.

Grandes mulheres de papel - Scarlett O'Hara …E o vento levou


Scarlett O'Hara é a personagem principal do romance E o vento levou, que foi adaptado p/ o cinema em 1939. No filme a personagem foi vivida por Vivien Leigh.

Maria, nossa irmã na fé, e mãe do Redentor.


Desejamos saudar as mães cristãs ao meditar sobre a mãe de Jesus, nosso Salvador, modelo de mulher cristã, modelo de mãe, modelo de mãe cristã. Falamos tanto em Pedro, Paulo, João, Barnabé, ou nas santas mulheres da Bíblia como Sara, Miriã, Débora, Ester, Maria Madalena, Marta e Maria, Priscila, mesmo a anônima samaritana, mas esquecemos de voltar os olhos, a mente e o coração para a mulher de coragem, submissa, dedicada, agraciada, serva de Deus que foi Maria de Nazaré!

Madre Teresa de Calcutá


“Acredito que o mundo hoje está de ponta cabeça e sofre muito porque existe tão pouco amor no lar e na vida familiar. Não temos tempo para nossas crianças, não temos tempo para darmos uns aos outros, não temos tempo para apreciarmos uns aos outros.”

“O amor começa em casa; o amor habita nos lares e é por isso que existe tanto sofrimento e tanta infelicidade no mundo... Todos, hoje em dia, parecem estar com tanta pressa, ansiosos por grandes desenvolvimentos e grandes riquezas e assim por diante, de modo que as crianças não tem tempo para os pais. Os pais tem pouco tempo para darem uns aos outros, e no próprio lar começa a destruição da paz do mundo.”

MULHERES NA HISTÓRIA - Esther


Há muitos e muitos anos passados, havia um monarca muito poderoso que reinava desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias. Chamava-se Assuero e sua esposa, Vashti, era a mais bela mulher de toda a região. No terceiro ano do seu reinado, Assuero convidou todos os príncipes das outras províncias para lhes mostrar, durante 180 dias, a riqueza e magnificência do seu reino.
Terminado esse período, o rei estendeu o convite a todo o povo de Susan, sede do trono, para grandes festejos, durante uma semana, nos jardins do palácio. Tudo era deslumbrante e pomposo, desde as colunas de mármore e alabastro, às tapeça-rias lindíssimas, até as baixelas brilhantes, os copos de ouro, os fabulosos divãs sobre o pavimento de alabastro e pedras preciosas.Ao mesmo tempo, a rainha Vashti reunia as esposas de todos os hóspedes do rei também para grandes festas no palácio.No sétimo dia, como apoteose das celebrações, o rei achou que devia exibir o que possuía de mais precioso: a sua rainha. Mandou chamá-la, para ressaltar sua beleza. Ao receber o chamado, porém, Vashti firmemente respondeu: "Ah! Não, não vou. Primeiro que tudo, não sou amostra de papel, segundo estou me divertindo com as minhas amigas! Tinha graça deixá-las para me sentar como uma boneca no trono, ao lado do rei... Digam-lhe que agradeço o convite, mas não posso aceitar".Quando os eunucos voltaram sós e, muito embaraçados, transmitiram a recusa da rainha, Assuero sentiu-se desrespeitado e humilhado ante o povo. Ao saírem os convidados, consultou os seus ministros: "Que atitude devo tomar com a rebelde Vashti?" A resposta foi unânime e imediata: "Despojá-la da coroa e coroar outra esposa. A atitude dela é imperdoável. Seguindo o seu exemplo, as outras mulheres desobedecerão os maridos e é uma vergonha para nós, porque cada homem deve ser o senhor na sua casa".Foi difícil para Assuero tomar tal decisão. Amava muito a sua Vashti e passou bastante tempo apaixonado, chorando a sua ausência. Porém, seus ministros insistiam: urgia eleger-se outra rainha. Outra mulher tão bela como Vashti faria com que ele a esquecesse. Foram então postos editais em todas as províncias, convocando as moças do reino para que o rei escolhesse a substituta de Vashti.Ora, havia um homem chamado Morde-chai, oriundo de Jerusalém, residente em Susan. Esse homem criara como sua a filha de um tio, órfã de pai e mãe. Chamava-se Esther. Era lindíssima. Ao saber do edital, Mordechai, achando que moça alguma poderia ser mais bela do que Esther, resolveu escondê-la. Comunicando-lhe sua decisão, recomendou: "Se fores escolhida não digas que és do povo judeu". Esther prometeu obedecer. Porque lhe obedecia em tudo. No íntimo, porém, desejava ser rejeitada porque não trocaria por trono algum a liberdade de escolher quem seu coração elegesse. Sua esperança era que o rei preferisse outra moça entre tantas e tantas que lhe eram apresentadas, cada uma por sua vez, no decorrer de anos, provavelmente. Mas o tempo passava, dias, meses, sem que Assuero coroasse nova rainha. A saudade de Vashti apagava a beleza das candidatas. Nenhuma lhe agradava.Até que chegou Esther. E foi amor à primeira vista. "Como és linda!", repetia ele, fascinado. Esther sorria e seu sorriso iluminava o rosto moreno. Sete anos haviam passado desde a deposição de Vashti. Enfim, outra rainha, chamada Esther, ocupou o trono.Entretanto Mordechai passava os dias andando ao redor do palácio para ter notícias da sua filha adotiva, já então rainha. Foi assim, nessas rondas, que ouviu dois eunucos confabulando sobre uma conspiração contra o rei. Imediatamente mandou comunicar a Esther. Ela tomou as providências devidas e foram punidos aqueles que tramavam derrubar Assuero. Essa atitude de Mordechai foi anotada nas "Crônicas Diá-rias" do reino.Por esse tempo, a pessoa mais importante no reino, depois do rei, era Haman, que gozava de poderes especiais, recebendo honrarias, entre elas, por lei, que todo indivíduo se curvasse e se prostrasse à sua passagem. A lei era rigorosamente cumprida. Todos curvavam-se, prostravam-se, com exceção de uma pessoa: Mordechai, que não dava a menor importância a Haman. Ao notar o desdém de Mordechai, Haman encheu-se de ódio, não somente contra ele, mas contra todos os judeus. Denunciou os judeus a Assuero, acusando-os de terem costumes próprios e não obedecerem as leis do rei e aconselhando-o a exterminá-los. Conseguiu que Assuero ordenasse, em todas as províncias do reino, que todos os judeus adultos e crianças fossem executados em um só dia.Ao ouvir a notícia da tragédia que ele próprio provocara, Mordechai correu para Esther, mandando que ela fosse suplicar ao rei piedade para o seu povo. Era uma ordem difícil de ser cumprida, porque ninguém tinha o direito de entrar no pátio que precedia o salão do rei sem ser por ele convocado, e quem o ousasse seria morto. Mas Mordechai insistiu: "Tens que ir, não penses que escaparás à chacina que ameaça todos os judeus".E Esther criou coragem. Primeiro convocou seu povo, com a ajuda de Mordechai, pedindo a todos os judeus que jejuassem para ajudá-la em sua difícil missão. A seguir, vestiu-se com os paramentos reais e postou-se no pátio em frente ao salão real. Vendo-a, Assuero sorriu, acenando o cetro como sinal de que a receberia. Chamou-a para que se aproximasse. Perguntou-lhe, ternamente: "O que tens, rainha Esther, qual é a tua petição? Até metade do reino te será dado". Então Esther respondeu que apenas vinha convidá-lo para um jantar em que Haman também comparecesse. O rei aceitou, rindo-se de tão simples petição.Quando recebeu o convite, Haman rejubilou-se. Achava-se tão importante que até a rainha o distinguia, convidando-o junto com o rei. "Mas", disse à sua esposa e aos filhos, "tudo isto não me satisfaz enquanto vir Mordechai sentado à porta do palácio". "Então mande enforcá-lo", falaram todos. Era justamente o que aconteceria em breve, esperava Haman; não só Mordechai; mas todo o seu povo deixariam de existir.Aconteceu que, nessa mesma noite, o rei, insone, pediu que lhe lessem as "Crônicas Diárias" onde era assentado tudo o que acontecia no palácio. Ao ouvir o caso da conspiração tramada contra ele e de como Mordechai o salvara, quis saber que recompensa tinham dado a esse homem. "Nenhuma", responderam. Nesse momento chegou Haman e o rei consultou-o: "Que se fará ao homem a quem o rei está agradecido?" Pensando que esse homem só poderia ser ele, Haman propôs: "Que esse homem vista o traje real, use a coroa, monte o cavalo do rei e seja levado pelas ruas, apregoando-se: "Assim se faz ao homem a quem o rei está grato"."Então", disse Assuero, "apressa-te, veste Mordechai e leva-o pelas ruas, como disseste". E Haman teve que cumprir as ordens do rei. Mas terminado o passeio pela cidade, voltou para casa furioso e contou à família o que lhe havia acontecido. "Como devo vingar-me?" perguntou à esposa, e ela falou assim: "Se Mordechai, perante quem já começaste a cair, é da semente dos judeus, não vencerás, mas certamente cairás perante ele".No dia seguinte, quando se realizava o banquete de Esther, com a presença do rei e de Haman, Assuero perguntou novamente: "Qual é a tua petição, rainha Esther? E qual o teu requerimento? Até metade do reino te será dado".Esther ergueu-se para dar mais ênfase às suas palavras: "Dê-me minha vida como petição e a do meu povo como requerimento. Porque estamos vendidos, eu e meu povo, para sermos destruídos".O rei também levantou-se indignado: "E onde está aquele cujo coração o instigou a assim fazer?" E disse Esther, apontando para Haman: "O homem, o inimigo, o opressor é este".Surpreendido e abalado por essa revelação contra o homem que ele mais prezava, Assuero retirou-se para o jardim. Então Haman atirou-se aos pés de Esther, pedindo misericórdia. Ao reentrar, Assuero, deparando com Haman ajoelhado diante de Esther, gritou-lhe colérico: "Porventura também queres forçar a rainha na minha própria casa? Guardas! Prendam este homem!"Nesse mesmo dia, a pedido de Esther, o rei revogou a lei que decretava o extermínio de todos os judeus. E mandou chamar Mordechai; deu-lhe o anel que havia retirado de Haman, empossando-o na posição que o inimigo ocupara. Mordechai saiu do palácio usando o manto azul e branco, levando, na cabeça erguida, a coroa de ouro.Seu primeiro ato como ministro foi decretar que os judeus preservassem como feriado, para sempre, os dias 14 e 15 do mês de Adar, dias esses em que a tristeza se transformou em alegria. Que os celebrassem com banquetes, troca de presentes entre a família e amigos, e dádivas aos pobres. E como nesses dias foi decidida a sorte dos judeus, os mesmos fossem chamados Purim, plural de pur, sorte, em hebraico.Milênios são passados e milênios virão em que se celebra Purim como mandou Mordechai, com festas, trocas de presentes e donativos aos necessitados. E, ainda, a escolha da Rainha Esther entre as moças mais belas da comunidade.



Fonte: http://www.morasha.com.br/

Sultana Levy RosenblattMc Lean,

Virgínia.