O adeus de Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...
E ela, corando, murmurou-me: “adeus”.
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...
E ela, corando, murmurou-me: “adeus”.
(Castro Alves)
Teresa
"A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais
velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos
esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover
sobre a face das águas. "
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais
velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos
esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover
sobre a face das águas. "
(Manuel Bandeira)
Que delícia poder escutar o diálogo entre os textos. Ouvir autores de épocas diferentes conversarem numa linguagem que se completa simplesmente. Literatura é essa arte contigua que não se rende, mas se propaga através do tempo. Reinventando-se, somente.
Helena Caldas
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