Pages

quinta-feira, 25 de março de 2010

Intertextos


O adeus de Teresa


A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...

E ela, corando, murmurou-me: “adeus”.
(Castro Alves)




Teresa


"A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais
velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos
esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover
sobre a face das águas. "

(Manuel Bandeira)
Que delícia poder escutar o diálogo entre os textos. Ouvir autores de épocas diferentes conversarem numa linguagem que se completa simplesmente. Literatura é essa arte contigua que não se rende, mas se propaga através do tempo. Reinventando-se, somente.
Helena Caldas

Nenhum comentário:

Postar um comentário