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terça-feira, 16 de março de 2010

Emma Bovary

entendia Antes de casar ela julgara ter amor, mas como a felicidade que deveria ter resultado daquele amor não viera, ela deveria ter-se enganado, pensava. E Emma procurava saber o que se entendia exatamente na vida , pelas palavras "felicidade", "paixão", "embriaguês", que lhe haviam parecido tão belas nos livros (p.51).

Se Charles o tivesse desejado, todavia, se o tivesse suspeitado, se seu olhar por uma única vez tivesse ido ao encontro de seu pensamento, parecia-lhe que uma abundância súbita ter-se-ia destacado de seu coração como cai a colheita de uma espaldeira ao ser sacudida. Mas, à medida que se estreitava mais a intimidade de suas vidas, realizava-se um afastamento interior que a desligava dele (p. 58).

Todavia segundo teorias que julgava boas, quis entregar-se ao amor. Ao luar, no jardim, recitava todas as rimas apaixonadas que sabia de cor e cantava, suspirando, alguns adágios melancólicos; mas sentia-se em seguida tão calma quanto antes e Charles não parecia nem mais apaixonado nem mais perturbado." (p. 60) "Emma repetia para si mesma: - Por que, meu Deus, eu me casei? (p. 61).
Flaubert, G. (1993). Madame Bovary. São Paulo: Nova Alexandria

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