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quinta-feira, 4 de março de 2010

Cem anos de Solidão


Cem Anos de Solidão
Gabriel García Marques
Da Folha de S. Paulo


O livro conta a história de Macondo, uma cidade mítica, e a dos descendentes de seu fundador, José Arcadio Buendía, durante um século. Usando recursos do realismo mágico, estilo que ajudaria a difundir a partir de seu lançamento, em 1967, o livro mescla revoluções e fantasmas, corrupção e loucura, tudo tratado com naturalidade. A história começa quando as coisas não tinham nome e vai até a chegada do telefone.SínteseUm comboio carregado de cadáveres. Uma população inteira que perde a memória. Mulheres que se trancam por décadas numa casa escura.

Homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas amarelas. São esses alguns dos elementos que compõem o exuberante universo deste romance, no qual se narra a mítica história da cidade de Macondo e de seus inesquecíveis habitantes. Lançado em 1967, Cem Anos de Solidão é tido, por consenso, como uma das obras-primas da literatura latino-americana moderna.

O livro logo tornou o colombiano Gabriel García Márquez (1928) uma celebridade mundial; quinze anos depois, em 1982, ele receberia o Prêmio Nobel de Literatura. Aqui o leitor acompanhará as vicissitudes da numerosa descendência da família Buendía ao longo de várias gerações. Todos em luta contra uma realidade truculenta, excessiva, sempre à beira da destruição total. Todos com as paixões à flor da pele. E o "realismo mágico" de García Márquez

não dilui a matéria de que trata -no caso, a história brutal e às vezes inacreditável dos países latino-americanos. Pelo contrário: só a torna mais viva.

Gabriel José García Márquez nasceu em Aracataca (Colômbia), e foi criado na casa de seus avós maternos, que iriam influenciar o futuro literato com as histórias que contavam. O avô, coronel Nicolas Márquez, veterano da guerra civil colombiana (que se estendeu de 1899-1902), narrava-lhe suas aventuras militares, e a avó, Tranquilina Iguarán, relatava fábulas e lendas que transmitiam sua visão mágica e supersticiosa da realidade.García Márquez, ou simplesmente Gabo, completou os primeiros estudos em Barranquilla e Zipaquirá, onde teve um professor de literatura, Carlos Julia Calderón Hermida, que desempenhou papel marcante em sua decisão de se tornar um escritor e a quem dedicaria seu romance "O Enterro do Diabo" (1955). Por insistência dos pais, Márquez chegou a iniciar o curso de direito na Universidade Nacional, em Bogotá, mas logo enveredou para o jornalismo, assumindo uma coluna diária no recém-fundado jornal "El Universal". Nunca se graduou. Nessa época, final da década de 1940, publicou seus primeiros contos, "La Tercera Resignación" e "Eva Está Dentro de su Gato". Consagrou-se na carreira jornalística ao ingressar na redação de "El Espectador", onde se tornou o primeiro crítico de cinema do jornalismo colombiano e depois um brilhante cronista e repórter, que exerceu influência na vida cultural do país. Em 1955, viajou para a Europa como correspondente do jornal, após a publicação de uma extensa reportagem, "Relato de um Náufrago", que desagradou ao governo do general Roja Pinillas.No final dos anos 50, de volta às Américas, trabalhou em Caracas (Venezuela), em Cuba, onde passou seis meses, e em Nova York, dirigindo a agência de notícias cubana Prensa Latina. Em 1960, García Márquez mudou-se para a Cidade do México e começou a escrever roteiros para cinema. No ano seguinte, publicou "Ninguém Escreve ao Coronel" e, em 1962, "O Veneno da Madrugada", que ganhou o Prêmio Esso de Romance, na Colômbia.Em 1966, segundo depoimento do escritor mexicano Carlos Fuentes, quando voltava do balneário de Acapulco para a Cidade do México, García Márquez teve o momento de inspiração para escrever o romance que ruminava há mais de uma década. Largou o emprego, deixando o sustento da casa e dos dois filhos a cargo da mulher, Mercedes Barcha. Isolou-se pelos próximos 18 meses, trabalhando diariamente por mais de oito horas. No ano seguinte, publicou aquele que seria sua obra mais conhecida, "Cem Anos de Solidão" (1967) - unanimemente uma obra-prima da literatura em língua espanhola. Com o sucesso, mudou-se para Barcelona, Espanha, onde permaneceu até 1975, passando temporadas em Bogotá, México, Cartagena (Colômbia) e Havana. Em 1981, voltou para a Colômbia. Acusado pelo governo de colaborar com a guerrilha, exilou-se no México. Nesse período, publicou novos romances, livros de contos e antologias de sua produção jornalística e de ficção.Em 1982, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Segundo se soube posteriormente, a premiação foi disputada com o escritor inglês Graham Greene e o alemão Günther Grass. Diante da Academia Sueca e de quatrocentos convidados, pronunciou o discurso "A Solidão da América Latina", questionando os estereótipos com que os latino-americanos eram vistos na Europa e a falta de atenção dos países ricos ao continente.

O escritor retornou ao jornalismo em 1999, quando passou a dirigir a revista "Cambio". Em 2002, publicou "Viver Para Contá-la", primeiro volume de sua autobiografia. Entre outras obras de destaque, García Márquez é o autor de "Crônica de uma Morte Anunciada" (1981), "O Amor nos Tempos do Cólera" (1985), "O General em Seu Labirinto" (1989) e "Notícias de um Seqüestro" (1996). O último romance que publicou, em 2004, intitula-se "Memórias de Minhas Putas Tristes".Alguns de seus textos foram adaptados para o cinema, como "Eréndira", de 1983, estrelado por Cláudia Ohana e dirigido por Ruy Guerra, e "O Amor nos Tempos do Cólera", de 2007, dirigido pelo inglês Mike Newell, e com a participação de Fernanda Montenegro.
Fontes: Banco de Dados/Folha de S. Paulo e edição comemorativa dos 40 anos de "Cien Años de Soledad", Madrid, 2007, Real Academia Española

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