Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
[...]
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua... E,
quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
(Cecília Meireles)
O desencontro do amor e das horas que nos deixa confusas. A irreversibilidade do tempo e a incompetência do homem para gerir sua vida. Cecília soube, como ninguém, traduzir essa incapacidade humana de transformar sonho em verdade. Trazendo para o seu canto a manifestação do real no imaginário, somente porque era poeta.
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