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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


“Maio, mês das borboletas noivas flutuando em brancos véus. Sua exclamação
talvez tivesse sido um prenúncio do que ia acontecer no final da tarde desse mesmo dia: no meio da chuva abundante encontrou (explosão) a primeira espécie de namorado de sua vida, o coração batendo como se ela tivesse englutido um passarinho esvoaçante e preso. O rapaz e ela se entreolharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam.” Ele a olhara enxugando o rosto molhado com as mãos. E a moça bastou-lhe vê-lo para torná-lo imediatamente sua goiabada com queijo.

Ele...
Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
- E se me desculpe ,senhorinha, posso convidar a passear?
- Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.
- E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
- Macabéa.
_Maca, o quê?
- Béa, foi ela obrigada a completar.
- Me desculpe mas até parece donça de pele.
-Eu também acho esquisito, mas minha mãe botou ele por promessa a nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada do que ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo.
- Parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor:
- Pois como o senhor vê eu vinguei... pois é..."
[...]

Clarice lispector. A hora da estrela

Se você não leu ainda A hora da estrela, leia-o. É um texto extremamente sensível. Maravilhoooso!

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