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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Minha Desgraça


Minha desgraça não é ser poeta,

Nem na terra de amor não ter um eco...

E, meu anjo de Deus, o meu planeta

Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,

Ter duro como pedra o travesseiro...

Eu sei...

O mundo é um lodaçal perdido cujo sol (quem mo dera) é o dinheiro...
Minha desgraça, ó cândida donzela,

O que faz que meu peito assim blasfema,

É ter por escrever todo um poema

E não ter um vintém para uma vela.


Alvares de Azevedo
Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br

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