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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Ainda há tempo para ler um bom livro durante as férias

O Silêncio dos Amantes  Lya Luft (Trecho do livro)

                                          LUFT, Lya. O Silêncio dos Amantes. (6a ed.) Rio de Janeiro: Record, 2008. 160p.

A pedra da bruxa



Quando meu filho tão querido sumiu, quando se transformou, se matou, se jogou ou caiu da Pedra da Bruxa, se perdeu no mato – ou saiu voando e nunca mais voltou -, entendi que nossa cumplicidade só existia na minha imaginação. Essa foi a sua verdadeira morte: nossa relação tão especial era mentira. A boa vida familiar era falsa. Andávamos sobre uma camada fina de normalidade. Por baixo corriam rios de sombra que eu não queria ver. Ele, meu filho tão extraordinariamente amado, era irremediavelmente sozinho – eu, que me considerava a melhor das mães, de nada adiantei.
Tive a ilusão de que comigo ele se abria, pelo menos me escutava – com aquele olhar distraído. Pensei que nossa ligação fosse excelente, ele sendo um menino difícil. Eu respeitava seu jeito diferente, desculpava suas impaciências, “mãe, não me abraça com tanta força, mãe pára de me tratar feito bebezinho, não me controla!” Tinha certeza de que em qualquer momento crucial de sua vida era a mim que iria recorrer. E não foi assim.
Ele não era um bebê tranqüilo. Não parecia contente no meu colo, só dormia quando eu o deixava sozinho no berço. Era uma criança quase sombria, comparado ao irmão mais velho, um menino forte e alegre. “Criança sombria nem existe”, diziam, “você se preocupa demais, cada bebê já nasce com uma personalidade!” Mas ele preferia contemplar as folhas no vento, os grãos de poeira no raio de sol que entrava pela janela, em lugar de brincar. Na escolinha não fazia amigos, batia nos outros e os mordia, ou era objeto de pancada. O pai não tinha a menor paciência, e se dedicava ao outro. Do mais novo, eu imaginava ser a melhor amiga.
Ele, porém, só queria ir embora. Não queria nada do que tínhamos para lhe dar. Dizia isso mesmo, sem maldade nem amargura. Quando criança queria aprender a voar feito passarinho “para ir bem longe daqui”. Crescendo, sonhava morar na montanha, armar uma tenda na Pedra da Bruxa, seu lugar preferido, e ser livre.
- Livre de quê, bobão? – perguntava bem humorado o irmão mais velho.
Aquele meu primeiro filho, perninhas bem firmadas no mundo, um sorriso aberto, gritava de alegria quando a gente o pegava no colo. Cresceu cheio de amigos e projetos, bom na escola, ativo nos esportes, companheiro do pai. Nunca me deu trabalho. Talvez, preocupada com seu irmão menor, eu o tenha deixado um pouco de lado, mas ele nunca parecia precisar de mim. Ao contrário, preocupava-se comigo:
- Mãe, deixa esse menino viver sua vida, é o jeitão dele! Não fique sempre em cima, não seja tão ansiosa – dizia, como se fosse mais maduro do que eu.
O mais moço, filho das minhas aflições, parecia não ter amigos. Na escola olhava de longe a algazarra dos outros. Não fazia questão alguma de ser como o resto da turma: ele não tinha uma turma. Mesmo bem pequeno, de vez em quando deitava na cama, até embaixo da mesa da sala, e chorava longo tempo, um pranto sem soluços, de cortar o coração.
O pai se aborrecia:
- Levanta daí, deixa de choramingar feito uma velha, vai jogar bola com seu irmão!
Eu pedia que tivesse paciência, era uma fase. Ia passar. Depois, com jeito, me aproximava:
- Filho, mas o que foi? Vem, conta pra sua mãe.
- Nada, mãe, eu só tenho vontade de chorar.
Uma das professoras chamou minha atenção para seus desenhos: enquanto o irmão plantava casas, árvores, bichos e carros em solo firme, os dele pairavam no ar, miúdos e perdidos na página branca. As pessoas, até a si mesmo, desenhava sem rosto.
- Sem rosto? O que significa isso? – perguntou o pai fechando a cara, e me arrependi de ter comentado.
Criança difícil faz terapia, aconselharam, e meu filho fez. Ia às sessões, já um meninão magro e bonito, mas a psicóloga também se queixou:
- Ele fica ali, quieto, me olhando com aquele ar de quem está pensando em outra coisa.
Depois de muita conversa com a psicóloga e comigo, por um breve tempo o pai tentou se aproximar, levar pra casa da montanha, nadar no rio, ou pescar. O menino ia, sorria debilmente, segurava a vara de pescar sem nenhum interesse, não emburrado ou malcriado, apenas, como em geral, ausente. E nunca aprendeu a nadar.
O pai acabou furioso:
- Esse menino é muito esquisito.
- Não diga isso, é nosso filho
- É nosso filho mas é esquisito. Nenhum outro rapaz é assim. Ele parece sempre à margem de tudo. Eu desisto.
Para surpresa nossa, algum tempo depois, o menino, que nunca pedia nada, não participava, na hora do café da manhã disse:
- Pai, domingo me leva no jogo?
- Ué, agora você se interessa por futebol? – o pai duvidava.
- Claro, meus colegas vão com os pais deles, você me leva?
O pai o encarou meio incrédulo, quem sabe participar de atividades mais masculinas dava um jeito naquele filho? Num impulso de seu coração paterno, decidiu não convidar o outro: entendeu que aquele poderia ser um momento só dos dois, o pai e o filho complicado. Comprei camiseta do clube, animei, expliquei, o menino saiu pela mão do pai, entrou no carro e acenou para mim, quase feliz. Na volta, fim de tarde, entraram em casa um pai carrancudo e um menino com rosto inchado de chorar.
- Nos primeiros gritos da torcida, no primeiro gol, começou a chorar feito uma menininha. Ficou assustado, imagine só. Passei vergonha – disse o pai, e foi se fechar no quarto.
Os dois irmãos davam-se bem, mas sem intimidade. Eu raramente os via juntos. Um parecia achar graça do outro. Ele chamava o maior de troglodita, naquele tom de afetuosa implicância que acontece entre irmãos; o mais velho o chamava de queridinho da mamãe, no mesmo tom sem maldade. Quando já era um adolescente alto, magro, um pouco desajeitado, naquela manhã fatal em nossa casa na montanha, ele chegou perto do pai quando este pegava a chave do carro, e, num esforço para vencer a barreira da timidez, pediu:
- Pai, a gente pode conversar um pouco?
O pai, desacostumado, espantou-se. Homem racional e direto, disse algo direto e racional:
- Filho, estou atrasado, preciso estar na cidade em uma hora. Na minha volta a gente fala, está bom? – E partiu sem nenhum remorso porque não imaginava o que estava por vir.

Em O Silêncio dos Amantes, da romancista brasileira Lya Luft, mergulha-se num ambiente que é pautado nas relações afetivas do ser humano. A escritora trata dos sentimentos não ditos, das palavras vazias, de um silêncio que afasta pessoas umas das outras.

Este livro é composto por 20 histórias diversas. Tais possuem em comum certo tipo de relação modelada pela falta de comunicação, no dito pelo não dito. O pai que não conversa com o filho mal percebe o definhar do mesmo que vive se arrastando pelas ruas da vida. A esposa que não quer ver o desespero do marido que não vê sentido no viver. Nas histórias há também sentimentos misturados com irrealidades, com a imaginação. Crianças dão vida a significados antes comuns e banais; o sótão pode virar um portal para um mundo fantástico e desconhecido; um jardim pode conter seres mágicos; o embaixo da cama pode guardar enigmas; uma velha criada é envolta de mistérios e acaba se transformando em uma bruxa. São segredos envoltos em um silêncio que guarda para si diferentes significações da existência. Além destes, uma mulher cria asas e busca no mundo um similar a ela, um homem com asas. De tais fantasias podem-se criar analogias com o cotidiano. Á exemplo, as asas não representariam a essência da pessoa que se vê livres das amarras sociais e para tanto busca também um parceiro de ideologias? Ora, o livro permite inúmeras interpretações. 

Enfim, a obra trata de questões que movem as nossas vidas. Os sentimentos são a síntese do ser humano. Durante a leitura passa-se por um montante deles. Angústia, perdas e sonhos preenchem as páginas com tamanha maestria que deixam o leitor preso em um mar de sentidos e, principalmente, indagações. E se fosse eu? E se isto acontecesse com nós? E se? Ao final, percebe-se que a falta da expressão dos sentimentos gera uma incompletude no ser humano sem tamanho. O silêncio nos olhares, a ausência de gestos e as palavras não ditas são um dos grandes males da modernidade. A presença é substituída pela ausência e assim seguimos, infelizmente.

Há autores que tocam o coração do leitor com suas palavras. Com certeza, Lya Luft é um destes grandes interpretadores da alma. Recomendo esta viagem a todos que queiram obter momentos de reflexões sobre a vida. 

“Sonhos são feitos de espuma.”



                      CARRERO, Raimundo. Sombra Severa. 2. reimpressão.São Paulo. Iluminuras, 2008



"A trama envolve um triângulo- não se pode chamar de amoroso , mas de primitivas paixões - que tem mais a ver com o destino das tragédias gregas de que com sentimentos apenas humanos , mortais . Antes de vivê-los, os personagens parecem condenados a cumprir seus papéis , com quase nenhum - se é que têm algum arbítrio."

Marcos Santarrita





Romance de Alexandre Dumas, autor de Os três mosqueteiros. A ação se passa na Holanda, no século XVII,  A tulipa negra é uma bela história de amor, repleta de intrigas e surpresas. Injustamente acusado de traição, Cornelius van Baerle, médico e cultivador de tulipas, é preso, apaixonando-se por Rosa, a bela filha do carcereiro. Esse amor quase impossível se entrelaça com outro feito também quase impossível: a produção de uma tulipa negra, desafio proposto pela Associação Hortícola de Haarlem, com o vultuoso prêmio de cem mil florins. Dumas entrelaça fatos históricos (como o assassinato dos irmãos De Witt e a especulação econômica em torno da tulipa), com uma história de amor e aventura. 
(adaptada)





Este é um conto policial do escritor estadunidense Edgar Allan Poe, retirado do livro “Histórias Extraordinárias” que por vezes foi editado como “Contos do Grotesco e do Arabesco”.
“O Mistério de Marie Rogêt”, é uma espécie de continuação do famoso “Os Crimes da Rua Morgue”, pois se passa também em Paris, e o personagem narrador, que conta a história em primeira pessoa, e o personagem Dupin, que aparece no primeiro conto, aparecem também neste. Eis o caso: uma moça, Marie Rogêt, desaparece e após alguns dias é encontrado no Sena o seu suposto corpo boiando, dando claros indícios de que ali se cometera um assassinato. Um delegado parisiense pede a Dupin que o ajude a resolver este caso, pois causou grande comoção na população parisiense e se oferecia pela captura do assassino ou assassinos uma alta recompensa. Dupin toma como base de suas deduções e investigações apenas o que fora publicado nos jornais acerca do caso. Um destes jornais chegava a afirmar inclusive que o corpo encontrado no Sena não era o de Marie. Algumas semanas depois da descoberta do corpo, foram encontrados por crianças em um bosque afastado de Paris alguns pertences de Rogêt, e uma taverneira afirmou ter visto, no dia em que Marie desapareceu, ela acompanhada de um homem e também vários homens junto com eles. Até então as suspeitas recaiam sobre o noivo de Rogêt, ou sobre o tal grupo de homens da taverna. O noivo de Rogêt se mata.

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/novel-novella


Trilogia

A Ovelha e o Dragão - Os Escolhidos - Renata D. R. Matins

A batalha espiritual está presente no mundo o tempo todo, mas nem todas as pessoas têm consciência disso. Para alcançar seus objetivos maléficos e destruidores, os demônios procuram brechas entre os homens, oportunidades que lhes permitam atacar as forças do bem. Destruindo-as, acreditando que poderão vencer Deus, dominar o mundo e instaurar o mal sobre a terra. Assim é a guerra travada no mundo espiritual. 


No cenário desta história, a igreja do pastor Carlos está conseguindo resultados muito positivos junto à população da cidade. Muitas pessoas estão voltando a atenção para Deus e para os valores cristãos. Porém, o sucesso da igreja é justamente o que desperta a fúria de demônios que, por causa da barreira criada pelas orações do povo de Deus, não mais têm livre acesso para causar malefícios às pessoas. Por causa disso, os demônios decidem usar os satanistas, seus adeptos, elaborando um plano traiçoeiro e diabólico para destruir a igreja, retomando de volta o terreno perdido.


 Em meio a esse conflito, Raquel e Cristiano se conhecem. Ela, filha do pastor Carlos; ele, filho de um rico e influente político da cidade, que está iniciando um grande empreendimento imobiliário. Porém, o que Cristiano não sabe é que seu pai também é obrigado a fazer um pacto com um poderoso demônio que exige que ele destrua Raquel, seu pai e a congregação inteira, retomando assim a liberdade para atuar livremente.





A Ovelha e o Dragão - A Restauração - Renata D. R. Martins

Cristiano abandona a seita satanista Os Escolhidos e tenta viver plenamente seu amor com Raquel, a filha do pastor, que ele deveria destruir. Ele só não contava com a vingança d'Os Escolhidos e a possibilidade de sua real identidade, a de satanista infiltrado, ser enfim descoberta por todos. Esse amor terá a força necessária para resistir a tantas tribulações?








Paris, século XIX. O corpo de uma mulher, jovem e bonita, foi encontrado boiando no rio Sena. Nas proximidades, um matagal fechado. Lugar ideal para desocupados, marginais e atividades suspeitas. 

No local, algumas provas muito claras: uma anágua branca, uma echarpe de seda, um lenço com a inscrição “Marie Rogêt”, nome da vítima, alguns fragmentos do vestido. Chão pisoteado e sinais de luta intensa.

Crime de fácil solução? Para Auguste Dupin, famoso detetive, quanto mais aparentemente simples o mistério, mais difícil desvendá-lo.

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