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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Romantismo no Brasil


                                                         Jean Baptiste Debret - suas obras destacavam cenas do cotidiano no Brasil

Marco inicial

Publicação de "Suspiros Poéticos e Saudades", de Gonçalves de Magalhães, em 1836.

Marco final

Publicação de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, em 1881, que inaugura o realismo.

Contexto histórico

A Independência é o principal fato político do século XIX e vai determinar os rumos políticos, econômicos e sociais do Brasil até a Proclamação da República (1889). Merece destaque também o Segundo reinado, em que o país conheceu um período de grande desenvolvimento em relação aos três séculos anteriores. Apesar disso tudo D. Pedro II deu continuidade ao regime imperial, o Brasil continuou um país fundamentalmente agrário, cuja economia se baseava no latifúndio, na monocultura e na mão de obra escrava.

Apesar dessa continuidade da estrutura herdada da colônia, a ampliação dos privilégios das elites rurais resultou em transformações no cenário nacional, sobretudo no ambiente das cidades. A crescente urbanização, em especial, na sede do poder, o Rio de janeiro, aliada á necessidade de consolidar a independência, favoreceu o surgimento e desenvolvimento do Romantismo no país.

Cabe ressaltar, porém, que o Romantismo brasileiro não serviu à expressão da burguesia, como havia ocorrido nos países da Europa. Essa classe apenas começava a se formar no Brasil. Nosso Romantismo correspondeu, na verdade, à expressão da classe rural, constituída por exportadores de produtos agrícolas que, procurando apoiar sua participação nas decisões do governo, estabeleciam-se nos centros urbanos.

Com o deslocamento dos grandes proprietários de terras para as cidades, essas acabaram se modernizando a fim de acomodar a eles e aos novos segmentos sociais: comerciantes e seus empregados, artesãos, profissionais liberais, funcionários públicos, entre outros.

Esse novo ambiente do Rio de Janeiro, retratado por Joaquim Manoel de Macedo, criou as condições necessárias para o desenvolvimento do Romantismo. A recém –imprensa – liberada por D. João Vi – ofereceu meios de produção e divulgação das obras literárias. O público, formado principalmente por jovens estudantes e mulheres, as quais abandonavam a exclusividade do ambiente familiar e passavam a ocupar as ruas., freqüentar o comércio e espaços de cultura e lazer.

Contexto cultural

Recém independente, o país procura afirmar sua identidade, tentando desenvolver uma cultura própria, baseada em suas raízes indígenas ou sertanejas. No entanto, isso se faz a partir da reprodução dos modelos do Romantismo europeu. Os artistas mais jovens aproveitaram a tendência nacionalista, característica do movimento europeu para consolidar a literatura brasileira – projeto de construção de uma identidade nacional.

Tendências de estilo

De maneira geral, predominam as mesmas características do romantismo europeu. Contudo, vale mencionar a busca de autores como Gonçalves Dias e José de Alencar de "abrasileirar" a língua portuguesa. Também merecem destaque o Indianismo (que ganhou forma através da prosa romântica e da poesia do Romantismo) e o regionalismo, expressões tipicamente brasileiras do nacionalismo romântico. Com o Romantismo tem início da prosa de ficção brasileira.

A poesia: três gerações

1ª. Nacionalista – introduziu o movimento e cultivou os temas necessários à construção de um ideário nacional. Frequentemente seus poemas exaltavam a natureza ou tratavam do exílio em confissões sobre a saudade da pátria. . Outro tema importante foi o do indígena, encerrado como formador do povo brasileiro. Mas esses indígenas recebiam valores europeus, como coragem, honra e generosidade. Era o cavaleiro medieval, herói romântico da literatura europeia. Gonçalves Dias é o poeta de maior destaque da primeira geração.

2ª. Ultrarromântica ou byroniana - desligou-se do projeto nacionalista. Seus poetas eram cantores do idealismo e da evasão. Seus tópicos mais comuns envolviam o apego à morte, a fuga para infância, ou para a natureza e a relação ambígua com a mulher sexualizada e ao mesmo tempo idealizada, inatingível. As obras expressavam um individualismo extremado e um tom que ora tendia ao confessionalismo, ora ao sarcasmo.

Os poetas assumem agora um extremo subjetivismo, passando à imitação de outros poetas europeus (Lord Byron, inglês; Alfred Musset, francês, especialmente), centrando-se numa temática de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio. A evasão e o sonho caracterizam o egotismo dessa geração, isto é, o culto do eu, da subjetividade, através da tendência para o devaneio, o erotismo difuso ou obsessivo, a melancolia, o tédio, o namoro com a imagem da morte, a depressão, a auto-ironia masoquista.

O byronismo aparece através da figura do homem fatal, de faces pálidas, olhar sem piedade, marcado pela melancolia incurável, desespero e revolta, conjuntamente com a imagem do poeta genial, mas desgraçado e perseguido pela sociedade, condenado à solidão, incompreendido por todos, desafiando o horror do próprio destino. O mal do século, uma doença indefinível, entedia e faz desejar a morte como a única via de libertação. Na verdade, a imagem de uma contradição insolúvel entre o excesso de energia interior, do eu, a procura do absoluto, e os limites das condições reais dos homens e da sociedade. Seus destaques Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.

3ª. Condoreira - esta geração propunham uma poesia voltada ao compromisso social, fundada na concepção de que a arte devia contribuir par o progresso da humanidade. Acreditava também, que cabia ao poeta – privilegiado por sua posição superior e distanciada, tal condor- orientar homens comuns. Surgida na metade do séc. XIX, coincidia, na Europa, com o início das lutas de classes e, no Brasil com as campanhas pela abolição da escravatura e pela instauração da República. A poesia dos condoreiros era elaborada para ser declamada em público e para empolgar o ouvinte. O maior nome da terceira geração foi Castro Alves.

Sousândrade - outro nome importante - que começa como poeta próximo da Segunda geração, torna-se uma voz destoante do nosso Romantismo, entrando na Terceira geração apenas por cronologia. Esquecida durante meio século, sua poesia, embora marcada também pelo abolicionismo e republicanismo, realiza-se diferentemente dos românticos, porque repassada de grandes novidades temáticas e formais. Seu processo de composição poética volta-se para inesperados arranjos sonoros, pelo uso de diversas línguas integrativamente, com ousados "conjuntos verbais" que quebram mesmo a estrutura sintática da língua portuguesa.

A diferença entre o romantismo e os movimentos anteriores está em o Romantismo questionar, desmoralizar e destruir o velho princípio clássico da imitação dos modelos antigos. Para os românticos, a expressão artística é única, um momento que não se repete. E a expressão do indivíduo e suas emoções, iluminação súbita e inspirada. Daí o surgimento de uma poética da "invenção" e da "novidade”. Uma busca permanente pela expressão individual, num momento irreversível.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/portugues

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