Eu gosto demais desse texto de Graciliano Ramos. Aliás, eu gosto de quase todas as obras do autor, que é inigualável no estilo, mas essa é tremenda.
O narrador em primeira pessoa nos conduz a um labirinto de sentimentos conflituosos que vêm acompanhados pela angústia da personagem em estado paranoico - o anti-herói. Nós leitores, passamos a não somente ler, mas ver , ouvir o livro. É sensacional.
Angústia traz a história de vida amarga de Luís da Silva, o personagem central da obra de Graciliano. Como na maioria dos livros do autor, a secura das palavras e dos sentimentos se mostra. Não deixa de lado também as tristezas que o cotidiano impõe a seus personagens sempre desiludidos, desgostosos, frustrados. Luís da Silva é mais um ser cujas lembranças e fantasmas assombram sua mente.
Luís é funcionário público que trabalha na diretoria da fazenda escrevendo artigos por encomenda. Tem pretensões literárias e faz constantes alusões à sua infância - relata várias histórias desse tempo por todo o decorrer do livro. O pai morre e Luís da Silva se vê obrigado a ir para a cidade onde passa fome e muito depois consegue um emprego. A vida era consumida pelas lembranças e pelo dia-a-dia comum até que surge Marina, moça frívola e fútil, mas... bonita aos olhos de Luís, que se apaixona.
Marina gostava de luxo, admirava D. Mercedes: "uma espanhola madura da vizinhança, amigada em segredo com uma personagem oficial que lhe entra em casa alta noite". D. Adélia, mãe de Marina, pede a Luís que arranjasse um emprego para a filha. Marina não se interessa por tal. Lia romances inúteis. Como ela não permitia maiores intimidades e Luís da Silva gostava muito dela, ficaram noivos. Até que entra Julião Tavares na vida do casal. Tavares era um homem gordo, risonho e conservador. Vivia de olhos em Marina, que vislumbrou nele a possibilidade de ter conforto e ganhar muitos presentes.
Luís se viu um dia traído por Marina e Julião, e este nunca mais pôde sair de sua memória porque engravidou Marina e a abandonou. Inconformado com a situação da moça, Luís numa noite mata Julião enforcando-o com uma corda. Aí começa toda a tragédia da história de um dos personagens mais tristes da literatura brasileira.
Construído de modo complexo, com longos monólogos, o romance Angústia é uma das mais significativas obras de análise psicológica do Modernismo.
Fonte: Vestibanet
Muito bom!
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