Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra.” (Aristóteles, séc. IV a.c.)
Partindo da afirmação de Aristóteles:
- Literatura como imitação da realidade;
- Manifestação artística;
- A palavra como matéria-prima;
- Manifestação da expressividade humana.
FUNÇÕES DA LITERATURA
Função evasiva – fuga da realidade;
Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada | Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. |
Função de “Arte pela arte” – descompromissada das lutas sociais (Parnasianismo)
Vaso Chinês
Alberto de Oliveira
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Grito negro
José Craveirinha
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
Eu sou o teu carvão, patrão.
Literatura dita “canonizada” – conj. de obras escritas e aceitas como artisticamente valiosas e representativas de nossa herança cultural.
Ex. “Dom Casmurro”, de Machado de Assis; “Vidas secas”, de Graciliano Ramos; “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, dentre outras.
Então podemos formar outro conceito:
LITERATURA É A ARTE DA LINGUAGEM ESCRITA, QUE EXPLORA TODAS AS POTENCIALIDADES DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO E É CAPAZ DE TRANSPOR LIMITES DE TEMPO E ESPAÇO.
O Texto
Texto quer dizer Tecido; mas enquanto até aqui esse tecido foi sempre tomado por um produto, por um véu todo acabado, por trás do qual se mantém, mais ou menos oculto, o sentido (a verdade), nós acentuamos agora, no tecido, a idéia gerativa de que o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo. (BARTHES, 1999: 82-83).
Texto não literário:
- Ênfase no conteúdo;
- Linguagem denotativa;
- Linguagem mais impessoal;
- Realidade apenas traduzida;
- Normalmente sem ambigüidade ou duplas interpretações.
Os pulmões e a respiração - Jeanne M. Stellman
O sistema respiratório é uma das mais importantes vias de entrada para as substâncias tóxicas ou poluentes. Muitas doenças profissionais resultam da acumulação de substâncias químicas tóxicas no próprio sistema respiratório, e outras doenças são causadas pela passagem de substâncias nocivas dos pulmões para o resto do corpo.
A finalidade do sistema respiratório é absorver oxigênio do ar e transferi-lo para o sangue. Ele também remove gás carbônico - que é o gás residual produzido pelos processos do corpo - do sangue e o transfere para o ar expirado. Este processo é realizado pelos pulmões. Os pulmões contêm milhões de minúsculos sacos aéreos ( alvéolos ).
O sangue flui em torno deles e fica separado do ar por uma membrana de apenas um milionésimo de polegada de espessura. Esta membrana é tão delgada que os gases podem atravessá-la: oxigênio do ar para o sangue e gás carbônico do sangue para o ar. A cada inalação, ar novo penetra em todo o trato respiratório até os alvéolos pulmonares. O sangue absorve então o oxigênio do ar através da delgada parede do alvéolo, enquanto descarrega gás carbônico no ar.
Estas trocas se efetuam de modo bastante rápido e, no espaço de uns poucos segundos, o ar dos alvéolos é expirado. Este é o processo da respiração.
O texto literário apresenta:
- Ficcionalidade: os textos não fazem, necessariamente, parte da realidade.
- Função estética: o artista procura representar a realidade a partir da sua visão.
- Plurissignificação: nos textos literários as palavras assumem diferentes significados.
- Subjetividade: expressão pessoal de experiências, emoções e sentimentos.
- O texto literário se organiza em gêneros literários.
- Os textos literários são divididos em dois grupos: textos em verso, textos em prosa.
Pneumotórax
(manuel Bandeira
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.
...............................................................................................................
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Quanto à disposição gráfica, um texto literário pode ser:
Prosa: em linhas “corridas”.
Poesia (verso): a cada linha dá-se o nome de verso e ao conjunto deles, estrofe.
Estilo individual: é o estilo único de determinado escritor, ou seja, sua visão única e modo próprio de criação literária.
Estilo de época: características comuns em obras de autores diferentes,mas contemporâneos. Ex. embora Bernardo Guimarães e José de Alencar tenham estilos diferentes, ambos pertencem ao Romantismo.
GÊNEROS LITERÁRIOS:
Conjuntos de elementos semânticos, estilísticos e formais utilizados pelos autores em suas obras, para caracterizá-las de acordo com a sua visão da realidade e o público a que se destinam.
Lírico: sentimental, poético.
Épico: narrativo.
Dramático: teatro.
Épico: quando temos uma narrativa de fundo histórico; são os feitos heróicos e os grandes ideais de um povo o tema das epopéias. O narrador mantém um distanciamento em relação aos acontecimentos (os fatos narrados situam-se no passado).
Temos um Poeta-observador voltado, portanto, para o mundo exterior, tornando a narrativa objetiva. A objetividade é característica marcante do gênero épico.
Epopeia ou Épico – é uma narrativa feito em versos, num longo poema que ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Exemplos são as obras Ilíada e Odisseia, de Homero, Eneida, de Virgílio; Os Lusíadas, de Luís de Camões.
Gênero Dramático
- Drama, em grego, significa "ação". Ao gênero dramático pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos para serem representados. Isso significa que entre autor e público desempenha papel fundamental o elenco (incluindo diretor, cenógrafo e atores) que representará o texto.
Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror.
Exemplos:
Édipo Rei, de Sófocles
Medeia, de Eurípedes
Prometeu acorrentado, de Ésquilo
Romeu e Julieta, de William Shakespeare
Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes. Exemplo: O doente imaginário, de Molière.
Farsa: é uma modalidade burlesca de peça teatral, caracterizada por personagens e situações caricatas. Difere da comédia por não preocupar-se com a verossimilhança nem pretender o questionamento de valores.
Auto: tipo de teatro medieval, voltado para a edificação religiosa; normalmente com personagens alegóricas, como os pecados, as virtudes etc., entidades como santos e demônios.
É simples na construção e ingênua na linguagem.
Utiliza-se de elementos cômicos e jocosos.
Drama moderno: Seus principais traços são a liberdade de expressão, a eventual mistura entre o sério e o cômico e o estudo do homem burguês em seus conflitos familiares e sociais, dentro de uma ótica realista.
Gênero Lírico
O gênero lírico é o texto onde há a manifestação de um eu lírico, esse expressa suas emoções, idéias, mundo interior ante o mundo exterior. São textos subjetivos, normalmente os pronomes e verbos estão em 1ª pessoa e a musicalidade das palavras é explorada.
Soneto da Fidelidade - Vinícius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.
Verso é um conjunto de palavras que formam uma unidade sonora significante. É uma linha do poema.
De tudo ao meu amor serei atento
Estrofe é o agrupamento, o conjunto de versos dentro de um poema.
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Rima é uma homofonia externa, constante da repetição da última vogal tônica do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem.
A rima pode ser classificada segundo sua Posição no Verso, sua Posição na Estrofe, a sua Sonoridade, a Tonicidade e ainda o seu Valor.
- Rima externa - Quando a rima aparece ao final do verso. É o tipo mais comum de rima.
De repente do riso fez-se o pranto (A)
Silencioso e branco como a bruma (B)
E das bocas unidas fez-se a espuma (B)
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. (A)
- Rimas internas - Quando rimam palavras que estão no fim do verso e no interior do verso seguinte:
Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz
- Cruzada ou alternada: O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto (A-B A-B).
Minha desgraça não é ser poeta, (A)
Nem na terra de amor não ter um eco, (B)
E meu anjo de Deus, o meu planeta (A)
Tratar-me como trata-se um boneco (B)
- Interpolada ou intercalada: Frequentemente usada em sonetos, o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro (A-B B-A).
De repente do riso fez-se o pranto (A)
Silencioso e branco como a bruma (B)
E das bocas unidas fez-se a espuma (B)
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. (A)
- Rimas emparelhada: O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto (A-A B-B).
Aos que me dão lugar no bonde (A)
e que conheço não sei de onde, (A)
aos que me dizem terno adeus (B)
sem que lhes saiba os nomes seus (B)
- Versos brancos ou soltos: São os que não tem rima.
RECLAME (Chacal)
se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
...ou transforme o mundo.
ótica olho vivo
agradece a preferência
- Rimas pobres: Quando a rima acontece entre palavras da mesma classe gramatical.
Exemplo: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito.
- Rimas ricas: Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes.
Exemplo: Cantando/bando, mar/navegar e vagos e lagos e quer tem (adjetivo e substantivo)
Ode – é um texto de cunho entusiástico e melódico
Écloga – é um poema que trata da vida dos pastores e no campo, tendo como cenário uma natureza idealizada.
Soneto – é um texto em poesia com 14 versos, caracterizado em dois quartetos e dois tercetos, com rima e ritmo.
Haicai ou Haiku – é uma forma de poesia japonesa, sem rima constituidos normalmente por três versos na ordem de 5-7-5
Elegia – é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto.Um bom exemplo é a grande peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare.
Epitalâmia – é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
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