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sexta-feira, 1 de junho de 2012

O que é Literatura?


Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra.” (Aristóteles, séc. IV a.c.)


Partindo da afirmação de Aristóteles:
  • Literatura como imitação da realidade;
  • Manifestação artística;
  • A palavra como matéria-prima;
  • Manifestação da expressividade humana.

 FUNÇÕES DA LITERATURA
Função evasiva – fuga da realidade; 

Vou-me Embora pra Pasárgada
                              Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Função lúdica – jogo de experiências sonoras e de relações surpreendentes.

O texto acima se chama "Poeminha Cinético", de Millôr Fernandes. Observe que o poema busca descrever a caminhada do bêbado ilustrando seus passos com as palavras que parecem movimentar-se como ele. As rima são cruzadas, como devem ser os passos do bêbado. É importante que não foi usada metáfora, a construção de sentido é feita pelas imagens criadas. 

Função de “Arte pela arte” – descompromissada das lutas sociais (Parnasianismo)

Vaso Chinês
Alberto de Oliveira
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o, 
Casualmente, uma vez, de um perfumado 
Contador sobre o mármor luzidio, 
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado, 
Nele pusera o coração doentio 
Em rubras flores de um sutil lavrado, 
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura, 
Quem o sabe?... de um velho mandarim 
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a, 
Sentia um não sei quê com aquele chim 
De olhos cortados à feição de amêndoa. 


Função de literatura “engajada” – comprometida com a defesa de certas idéias políticas.
                                                                                Grito negro
                                                                            José Craveirinha
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

Literatura dita “canonizada” – conj. de obras escritas e aceitas como artisticamente valiosas e representativas de nossa herança cultural. 

Ex.  “Dom Casmurro”, de Machado de Assis; “Vidas secas”, de Graciliano Ramos; “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, dentre outras. 

Então podemos formar outro conceito:

LITERATURA É A ARTE DA LINGUAGEM ESCRITA, QUE EXPLORA TODAS AS POTENCIALIDADES DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO E É CAPAZ DE TRANSPOR LIMITES DE TEMPO E ESPAÇO.

O Texto

Texto quer dizer Tecido; mas enquanto até aqui esse tecido foi sempre tomado por um produto, por um véu todo acabado, por trás do qual se mantém, mais ou menos oculto, o sentido (a verdade), nós acentuamos agora, no tecido, a idéia gerativa de que o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo. (BARTHES, 1999: 82-83).


Texto não literário:
  • Ênfase no conteúdo;
  • Linguagem denotativa;
  • Linguagem mais impessoal;
  • Realidade apenas traduzida;
  • Normalmente sem ambigüidade ou duplas interpretações.

Os pulmões e a respiração - Jeanne M. Stellman

O sistema respiratório é uma das mais importantes vias de entrada para as substâncias tóxicas ou poluentes. Muitas doenças profissionais resultam da acumulação de substâncias químicas tóxicas no próprio sistema respiratório, e outras doenças são causadas pela passagem de substâncias nocivas dos pulmões para o resto do corpo.
A finalidade do sistema respiratório é absorver oxigênio do ar e transferi-lo para o sangue. Ele também remove gás carbônico - que é o gás residual produzido pelos processos do corpo - do sangue e o transfere para o ar expirado. Este processo é realizado pelos pulmões. Os pulmões contêm milhões de minúsculos sacos aéreos ( alvéolos ).
O sangue flui em torno deles e fica separado do ar por uma membrana de apenas um milionésimo de polegada de espessura. Esta membrana é tão delgada que os gases podem atravessá-la: oxigênio do ar para o sangue e gás carbônico do sangue para o ar. A cada inalação, ar novo penetra em todo o trato respiratório até os alvéolos pulmonares. O sangue absorve então o oxigênio do ar através da delgada parede do alvéolo, enquanto descarrega gás carbônico no ar.
Estas trocas se efetuam de modo bastante rápido e, no espaço de uns poucos segundos, o ar dos alvéolos é expirado. Este é o processo da respiração.

O texto literário apresenta: 
  • Ficcionalidade: os textos não fazem, necessariamente, parte da realidade.
  • Função estética: o artista procura representar a realidade a partir da sua visão.
  • Plurissignificação: nos textos literários as palavras assumem diferentes significados. 
  • Subjetividade: expressão pessoal de experiências, emoções e sentimentos.
  • O texto literário se organiza em gêneros literários.
  • Os textos literários são divididos em dois grupos: textos em verso, textos em prosa.
Pneumotórax
(manuel Bandeira
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.  
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.  
Tosse, tosse, tosse. 

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.  
...............................................................................................................  
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Quanto à disposição gráfica, um texto literário pode ser:

Prosa: em linhas “corridas”.
Poesia (verso): a cada linha dá-se o nome de verso e ao conjunto deles, estrofe.
Estilo individual: é o estilo único de determinado escritor, ou seja, sua visão única e modo próprio de criação literária.
Estilo de época: características comuns em obras de autores diferentes,mas contemporâneos. Ex. embora Bernardo Guimarães e José de Alencar tenham estilos diferentes, ambos pertencem ao Romantismo.

GÊNEROS LITERÁRIOS:
Conjuntos de elementos semânticos, estilísticos e formais utilizados pelos autores em suas obras, para caracterizá-las de acordo com a sua visão da realidade e o público a que se destinam.

Lírico: sentimental, poético.
Épico: narrativo.
Dramático: teatro.

Épico: quando temos uma narrativa de fundo histórico; são os feitos heróicos e os grandes ideais de um povo o tema das epopéias. O narrador mantém um distanciamento em relação aos acontecimentos (os fatos narrados situam-se no passado).
Temos um Poeta-observador voltado, portanto, para o mundo exterior, tornando a narrativa objetiva. A objetividade é característica marcante do gênero épico.

Epopeia ou Épico – é uma narrativa feito em versos, num longo poema que ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Exemplos são as obras Ilíada Odisseia, de HomeroEneida, de VirgílioOs Lusíadas, de Luís de Camões.

Gênero Dramático
  • Drama, em grego, significa "ação". Ao gênero dramático pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos para serem representados. Isso significa que entre autor e público desempenha papel fundamental o elenco (incluindo diretor, cenógrafo e atores) que representará o texto.


Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. 

Exemplos:
Édipo Rei, de Sófocles
Medeia, de Eurípedes
Prometeu acorrentado, de Ésquilo
Romeu e Julieta, de William Shakespeare

Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes. Exemplo: O doente imaginário, de Molière.

Farsa: é uma modalidade burlesca de peça teatral, caracterizada por personagens e situações caricatas. Difere da comédia por não preocupar-se com a verossimilhança nem pretender o questionamento de valores.
Auto: tipo de teatro medieval, voltado para a edificação religiosa; normalmente com personagens alegóricas, como os pecados, as virtudes etc., entidades como santos e demônios.
É simples na construção e ingênua na linguagem.
Utiliza-se de elementos cômicos e jocosos.
Drama moderno: Seus principais traços são a liberdade de expressão, a eventual mistura entre o sério e o cômico e o estudo do homem burguês em seus conflitos familiares e sociais, dentro de uma ótica realista.


Gênero Lírico

O gênero lírico é o texto onde há a manifestação de um eu lírico, esse expressa suas emoções, idéias, mundo interior ante o mundo exterior. São textos subjetivos, normalmente os pronomes e verbos estão em 1ª pessoa e a musicalidade das palavras é explorada.

Soneto da Fidelidade - Vinícius de Moraes 
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento. 
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento  
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Verso é um conjunto de palavras que formam uma unidade sonora significante. É uma linha do poema.
De tudo ao meu amor serei atento

Estrofe é o agrupamento, o conjunto de versos dentro de um poema. 
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Rima é uma homofonia externa, constante da repetição da última vogal tônica do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem.
 A rima pode ser classificada segundo sua Posição no Verso, sua Posição na Estrofe, a sua Sonoridade, a Tonicidade e ainda o seu Valor.


  • Rima externa - Quando a rima aparece ao final do verso. É o tipo mais comum de rima.

De repente do riso fez-se o pranto  (A)
Silencioso e branco como a bruma  (B)
E das bocas unidas fez-se a espuma (B)
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. (A) 

  • Rimas internas - Quando rimam palavras que estão no fim do verso e no interior do verso seguinte:
Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz

  • Cruzada ou alternada: O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto (A-B A-B).

Minha desgraça não é ser poeta(A)
Nem na terra de amor não ter um eco(B) 
E meu anjo de Deus, o meu planeta (A)
Tratar-me como trata-se um boneco (B)

  • Interpolada ou intercalada: Frequentemente usada em sonetos, o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro (A-B B-A).
De repente do riso fez-se o pranto  (A)
Silencioso e branco como a bruma  (B)
E das bocas unidas fez-se a espuma (B)
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. (A)

  • Rimas emparelhada: O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto (A-A B-B).
Aos que me dão lugar no bonde  (A)
e que conheço não sei de onde,  (A)
aos que me dizem terno adeus    (B)
sem que lhes saiba os nomes seus (B)

  • Versos brancos ou soltos: São os que não tem rima. 

RECLAME (Chacal)
se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
...ou transforme o mundo.
ótica olho vivo
agradece a preferência

  • Rimas pobres: Quando a rima acontece entre palavras da mesma classe gramatical.
Exemplo: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito. 
  • Rimas ricas: Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes. 
Exemplo: Cantando/bando, mar/navegar e vagos e lagos e quer tem (adjetivo e substantivo)

Ode – é um texto de cunho entusiástico e melódico
Écloga – é um poema que trata da vida dos pastores e no campo, tendo como cenário uma natureza idealizada.
Soneto – é um texto em poesia com 14 versos, caracterizado em dois quartetos e dois tercetos, com rima e ritmo.
Haicai ou Haiku – é uma forma de poesia japonesa, sem rima constituidos normalmente por três versos na ordem de 5-7-5 
Elegia – é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto.Um bom exemplo é a grande peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. 
Epitalâmia – é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.



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