Tirei daqui
ARTIGOS
«ELAS NÃO ME DEIXAM EM PAZ»
por Lisa Fitterman.
Julia Bosma estava assustada.
As mensagens não paravam de chegar pelo MSN e pelo telefone portátil. «Fecha essa boca venenosa!» «Nós damos cabo de ti!» «Sabemos onde vives ...»
Estivesse onde estivesse, a menina de 12 anos não conseguia livrar-se das raparigas que ainda há dois meses eram suas amigas.
Estivesse onde estivesse, a menina de 12 anos não conseguia livrar-se das raparigas que ainda há dois meses eram suas amigas.
Julia tinha esperado ansiosamente para entrar para a escola secundária em Haarlem, perto de Amsterdão. Queria fazer novas amizades – raparigas com quem fosse divertido estar e a quem fazer confidências. E durante algumas semanas fez, até que se viraram contra ela em massa em Outubro, depois de uma lição de piano a ter impedido de se encontrar com elas no centro da cidade. Uma coisa pequena que se tornou desproporcionada.
Na escola, a sua bicicleta foi vandalizada, e nos corredores era empurrada por trás. Mas foi o assédio online – em casa e na escola, noite e dia – que a encheu de medo. Não conseguia comer ou dormir.
«Não me sinto segura», pensou. Mas que podia fazer?
[...]
O cyber-bullying é fácil, reagir não, como descobriu Julia em Haarlem. A jovem de 12 anos sentia que não tinha para onde se virar. Finalmente, passados dois meses, foi-se abaixo e ligou à mãe, Janine Bosma, para o trabalho.
«Posso falar contigo?», perguntou.
Janine e o marido sabiam que Julia andava com problemas, mas nunca tinham imaginado a extensão dos mesmos. Tudo havia de se arranjar. Julia, sendo esperta, sociável e com força de vontade, seria capaz de resolver tudo sozinha. Mas quando a filha ligou, Janine percebeu que ela precisava da sua ajuda.
Janine e o marido sabiam que Julia andava com problemas, mas nunca tinham imaginado a extensão dos mesmos. Tudo havia de se arranjar. Julia, sendo esperta, sociável e com força de vontade, seria capaz de resolver tudo sozinha. Mas quando a filha ligou, Janine percebeu que ela precisava da sua ajuda.
«Elas não me deixam em paz», chorava Julia.
«Tens que ser forte e contar à tua professora. Ela tem que saber o que se passa», disse Janine.
«Mas vão todas odiar-me por isso!»
«Tens que ser forte e contar à tua professora. Ela tem que saber o que se passa», disse Janine.
«Mas vão todas odiar-me por isso!»
[...]
a professora de Julia providenciou mediação entre ela e a principal abusadora – a líder de facto do grupo que criou as regras e punia as que não as seguiam. No primeiro encontro, a moça ficou ali a revirar os olhos, enquanto Julia contava ao mediador o que tinha acontecido. No segundo encontro, a rapariga passou ao ataque. «A culpa é tua», disse ela a Julia. «Fizeste tudo mal.» «Mas o quê?»
«Tudo.»
«Tudo.»
[...]
A partir daquele ponto, passou a ignorar completamente Julia, para grande alívio desta. De fato, Julia, agora com 14 anos, ficou tão inspirada pela forma como a mediação a ajudou a mudar o seu próprio ponto de vista que recebeu formação extensa para se tornar ela própria mediadora. Acrescenta a mãe: «O pai dela e eu estamos tão orgulhosos. Ela enfrentou as abusadoras e seguiu em frente, e agora está a ajudar outros.» Ainda assim, Janine não corre riscos. Com Julia, o gémeo dela e a irmã mais velha, com telefones móveis, Facebook, MSN, Hyves e Twitter, não consegue estar a par de tudo. Mas assegurou-se de que as opções de privacidade dos seus perfis online estão activadas e verifica frequentemente o Twitter de Julia.
«Acho que ela dá demasiada informação privada», diz Janine, rindo. «Como quando fica irritada comigo e twitta “A minha mãe é tão estúpida”. Mas esta mãe só está a fazer o seu trabalho.»
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