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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Poema XLIV


Saberás que não te amo e que te amo.

Posto que de dois modos é a vida,

a palavra é uma asa do silêncio,

o fogo tem uma metade fria.


Eu te amo para começar a amar-te,

para recomeçar o infinito

e para não deixar de amar-te nunca:

por isso não te amo ainda.


Te amo e não te amo como se tivesse

em minhas mãos as chaves da fortuna

e um incerto destino desafortunado.


Meu amor tem duas vidas para amar-te.

Por isso te amo quando não te amo

e por isso te amo quando te amo.



Pablo neruda

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