No gênero conto, o enredo se organiza em torno de um único conflito, ou seja, de uma única oposição entre forças. Esse conflito pode se dar, por exemplo, entre duas ou mais personagens, entre protagonista e antagonista, entre o protagonistas e forças externas, etc.
As causas do conflito podem ser uma diferença de opiniões entre a decisão de cumprir ou não uma regra, um desejo e os obstáculos para realizá-lo.
O conflito cria uma situação de tensão que domina toda a narrativa e prende a atenção do leitor até o desfecho.
No conto, o conflito torna-se cada vez mais tenso, até atingir seu auge. É o que chamamos de clímax, ou seja, o momento que eleva ao máximo ao interesse e a expectativa do leitor pelo que acontecerá a seguir, anunciando o desfecho do conflito.
A etapa final do enredo é o desfecho que deve causar impacto e ou surpresa no leitor. Por isso, em muitas histórias, o final costuma ser impressionante e súbito, o desfecho ocorre imediatamente após o clímax.
O enredo baseia-se, portanto, em torno de uma única situação de tensão, desenvolvida rapidamente, de modo a manter a atenção do leitor por toda a narrativa.
Autor é quem cria e escreve as narrativas.
Narrador é a voz adotada pelo autor para contar os acontecimentos na ficção.
Ao escrever o conto, o autor narra os acontecimentos a partir de uma determinada perspectiva, de um ponto de vista. Esse ponto de vista é chamado foco narrativo.
A escolha do foco narrativo determina o tipo de narrador que teremos na história.
Existem três tipos de foco narrativo:
- narrador-personagem;
- narrador-observador;
- narrador-onisciente.
O NARRADOR - PERSONAGEM ( foco narrativo em primeira pessoa) conta a história, da qual participa também como personagem, de um ponto de vista único: o seu. Nesse caso o narrador limita-se a contar apenas o que viveu, viu sentiu e pensou.
Ele tem uma relação íntima com os outros elementos da narrativa. Sua maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas, emocionais, ou seja, tudo o que ele nos conta sobre os sentimentos e pensamentos das demais personagens e sobre os fatos narrados são percepções suas. Logo, pode faze conjecturas sobre os sentimentos e pensamentos das outras personagens. Por isso, devemos estar atentos ao que esse narrador nos revela, pois é a sua visão dos fatos.
O NARRADOR - OBSERVADOR conta a história do lado de fora, na terceira pessoa, sem participar das ações. Ele conhece todos os fatos e, por não participar deles, narra com certa neutralidade, apresenta os fatos e os personagens com imparcialidade. Não tem conhecimento íntimo dos personagens nem das ações vivenciadas.
O NARRADOR-ONISCIENTE conta a história em terceira pessoa e, às vezes, permite certas intromissões narrando em primeira pessoa. Ele conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo das personagens, conhece suas emoções e pensamentos.
Ele é capaz de revelar suas vozes interiores, seu fluxo de consciência, em primeira pessoa. Quando isso acontece, o narrador faz uso do discurso indireto livre. Assim, o enredo se torna plenamente conhecido, os antecedentes das ações, suas entrelinhas, seus pressupostos, seu futuro e suas consequências.
Os elementos que compõem a narrativa são:
- Personagens do latim “persona” = máscara de ator; atuante, actante.
As personagens , na narrativa literária e no teatro, são os seres fictícios construídos à imagem e semelhança dos seres humanos reais; são os que praticam as ações da narrativa: os agentes, portanto. [...] As personagens, por conseguinte, representam PESSOAS : são os habitantes do mundo ficcional, seres que não existem no mundo real e fora das palavras, por isso, elas são um “problema linguístico”.
As personagens são classificadas quanto às ações que praticam e quanto à sua importância no enredo. (protagonista, antagonista, adjuvante e coadjuvante)
TIPOS DE PERSONAGENS
a) PLANAS: sua personalidade não revela surpresa; são personagens estáticas, infensas à evolução. Subdividem-se em tipos (personagens excêntricas, exageradas, mas sem deformação) e caricaturas ( personagens que tem características que provocam tamanha distorção que chegam a ser ridículas; são personagens cômicas);
b) REDONDAS: apresentam várias qualidades ou tendências, repelindo todo o intuito de simplificação. São as personagens que surpreendem o leitor; são dinâmicas porque evoluem. Subdividem-se em caracteres (quando a complexidade se acentua, a mudança de personalidade é tal que gera no enredo conflitos indissolúveis) e símbolos (quando a complexidade parece ultrapassar a fronteira que separa o humano do mítico, o natural do transcendental. Capitu é um exemplo perfeito).
TIPOS DE PERSONAGENS QUANTO à IMPORTÂNCIA NO ENREDO:
a) PERSONAGENS PRINCIPAIS:
A1. protagonista: herói ou heroína da trama (ou anti-herói), é aquela que ganha primeiro plano na narrativa;
A2. antagonista: vilão, é o opositor ou oponente da protagonista (é o protagonista às avessas), aquele que cria os obstáculos da trama;
b) PERSONAGENS SECUNDÁRIAS:
B1. adjuvante ou coadjuvante: é a personagem que está atuando ao lado (=aliada) da protagonista ou da antagonista, podendo ser humano ou não (uma fada, um objeto “encantado”, etc.)
B2. auxiliar ou árbitro ou juiz: é a personagem que funciona como um elemento decisivo dentro de um conflito, auxiliando a fazer ou a desfazer os obstáculos da trama, pendendo para a protagonista ou para a antagonista, respectivamente.
B3. figurativa : suas ações ou mera presença no enredo pouco ou em nada alteram os fatos da narrativa.
TEMPO: é o elemento que ordena as ações na narrativa, encadeando-as e produzindo uma relação de causa-efeito entre elas.
O TEMPO CRONOLÓGICO OU HISTÓRICO é o mesmo do relógio, do calendário. É o tempo da NARRATIVA LINEAR (antes/depois), como o do conto, da novela e da maioria dos romances.
O TEMPO PSICOLÓGICO é o infenso a qualquer ordem. Os episódios são apenas justapostos, sem que haja entre eles qualquer vínculo lógico, sintático-semântico. É o tempo da NARRATIVA PSICOLÓGICA OU INTIMISTA.
ESPAÇO: é o lugar, o cenário onde as ações são feitas pelas personagens. Os espaços podem ser urbanos, naturais, o interior de uma casa, de um teatro, etc. Nas narrativas psicológicas, o espaço é a mente do narrador ou de uma personagem.
NARRADOR é quem conta o enredo. Ele pode participar da história ou apenas ser um mero observador. Na verdade, como tudo na narrativa, o narrador é também uma das invenções do autor. Dependendo da posição em que se coloca o narrador para contar a história (da pessoa verbal que narra – 1a ou 3a ), ou seja, do FOCO NARRATIVO ou PONTO DE VISTA, podemos classificar, segundo Friedman, o narrador como:
NARRATIVA EM PRIMEIRA PESSOA :
NARRADOR PROTAGONISTA (autodiegético) : é o narrador que é também personagem protagonista da narrativa;
EU COMO TESTEMUNHA (homodiegético) : é o narrador que também é personagem secundária da narrativa;
NARRADOR ONISCIENTE INTRUSO SUBJETIVO: é o narrador que conhece todos os demais elementos da narrativa e que não é personagem; conta a história em primeira pessoa;
NARRATIVA EM TERCEIRA PESSOA:
NARRADOR ONISCIENTE INTRUSO OBJETIVO: é o narrador que conhece todos os demais elementos da narrativa e que não é personagem; conta a história em terceira pessoa;
NARRADOR ONISCIENTE NEUTRO (heterodiegético): é o narrador observador , que não interfere na história em nenhum momento e que não conhece os fatos com antecedência (conhece no momento em que o fato acontece);
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