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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Esperança





Esperança


Mário Quintana


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano


Vive uma louca chamada Esperança


E ela pensa que quando todas as sirenas


Todas as buzinas


Todos os reco-recos tocarem


Atira-se


E


— ó delicioso vôo!


Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,


Outra vez criança...


E em torno dela indagará o povo:


— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?


E ela lhes dirá


(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)


Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:


— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...



Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 118.

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